Capítulo 45

Fiquei dias pensando em quem poderia ser o autor das mensagens. Conversava com os garotos no qual suspeitava normalmente, e nenhum deles dava indícios em ser o autor das mensagens. A não ser o Lucas , mas ele sempre que conversa comigo me pede em namoro. Não sei o que fazer.

- Amiga... Você tem que perguntar um por um. Quem acha que é? – Carol perguntou. 
Lucas , Gustavo , Gabriel ... Descartei os outros, pois na mensagem relatava que o conheço muito bem. 
Gabriel ?! Você enlouqueceu?! Descarta, Maria Luisa ! Ele namora a Raquel! – Isabela gritou. 
- Tem razão... – pensei alto – Ahm... Lucas e Gustavo , então. 
Gustavo é da Camila – Carol disse. 
- Eles deram um tempo... – disse preocupada – Mas a Camila o ama ainda. Eles se amam na verdade. 
- Hum... Sei... E quem deu o tempo? – Jade perguntou. 
Gustavo . Por causa o lance do Léo. Um cara por quem a Camila gostou. Ainda bem que a Camila está na casa dos pais, eu queria falar do Gustavo . Pois eu tenho muita certeza de que pode ser ele. Lucas não precisa fazer isso... Ele fala todos os dias pra mim coisas que... Bom, vocês entendem. Não precisa mandar mensagens anônimas. 
Malu , conversa hoje com o Gustavo – Carol disse – Ah e fica com ele. Seu primo é uma delícia, desculpe dizer. Sempre achei... – rimos – Mas sabia que a Camila gostava e eu estava em outra. 
- Você não disse isso, Carol – Jade disse rindo. 
- Ah eu concordo em gênero e número. O Gustavo é um gostoso e digo isso sempre praMalu – Isabela disse. 
- Brincadeira meninas. Malu , não faz isso. Camila é sua amiga – Carol disse. 
- Eu não ia fazer – ri – Ahm... Mas sei lá né. Esquece esse assunto – ri fraco. 
- AI MEU DEUS! Você pensou! – Carol riu. 
- Não... – menti, pois eu tinha pensado mesmo – Vamos mudar o foco. 

Fui pra casa e o Gustavo estava vendo TV com a vovó. 

Gustavo , eu quero falar com você – sentei ao lado da vovó e o olhei. 
- Fala – disse prestando atenção na televisão. 
- Eu e você. Desculpa vovó. 
- Tudo bem – vovó riu – Sem brigas, vou arrumar o guarda roupa. 
- Mais tarde a gente continua o filme! – Gustavo disse. 

Vovó subiu e eu sentei ao lado do Gustavo , que ainda não me olhava. 

- Olha pra mim! – gritei. 
- É só você falar, não preciso te olhar. 
- Por que está me tratando assim?! – disse e o Gustavo suspirou e me olhou. 
- Estou te olhando... Diz. 
- O que eu fiz? 
- Nada caramba! Não sabia que precisava te olhar para que você pudesse falar comigo – voltou a ver TV. 
- Claro que precisa. Enfim, foi você... Não foi? 
- De novo essa pergunta?! Eu fiz o que? 
- Olha, só pode ser você quem me enviou aquelas mensagens anônimas. 
- Ainda não esqueceu? – Gustavo me olhou rindo e pausou o filme. 
- Penso todos os dias. 
- Em mim? – Gustavo sorriu. 
- Nã... Não! Nas mensagens, em quem pode ser... Idiota! 
- Em mim também. Afinal, você acha que eu sou o autor. 
- Eu tenho certeza. Já chega de mistérios pra mim. Eu cansei. Não sou esperta o suficiente. 
- Percebe-se. Demorou quase uma semana pra descobrir – Gustavo riu. 
- Estou me sentindo num episódio de Pretty Little Liars. 
- De quê?! 
- Esquece. Não troca o disco. 
- Você quem trocou falando de seriado. 
- Você é o autor das mensagens? Você quem não me deixa dormir? 
- Já pensou no Lucas ? Não é ele afim de você? 
- É, mas ele não precisa disso. O Lucas fala na cara. 
- Nossa... Se você acha... Vai fundo. É só isso? Posso terminar de ver o filme? 
- Grosso. Eu sei que é você – levantei e segui para o quarto. 

Assim que fui para o quarto, resolvi acessar minhas redes sociais. 

Carol Nova: Descobriu?
Maria Luisa Gomez : Não. Quer dizer... Sei que é o Gustavo . Mas ele não me diz!
Carol Nova: Que cara chato! Manda a real!
Maria Luisa Gomez : Já mandei! Sei que é ele, vou deixar quieto.
Carol Nova: Não seja idiota Maria Luisa ! Corra atrás. Você e o Gustavo estão solteiros, ele te quer e você sente algo por ele sim. Não?
Maria Luisa Gomez : Já sei o que fazer... Eu acho. Beijos.
Gustavo ! – gritei do quarto. Ele não ouviu. Fui até a escada. Coloquei metade do corpo à frente – Gustavo ! 
- Oi! – continuou olhando pra TV. 
- Vem cá. Preciso de você – ele olhou para trás rapidamente. Ri fraco. 
- De mim? Pra descobrir o autor das mensagens? 
- Eu já sei quem é – sorri – Vem cá, eu preciso muito de você... 
- Nunca precisou tanto assim de mim. O que houve? Vem cá você e me conta. 
- Não posso... Estou... Gustavo ... Não posso falar. 
- Por causa da vovó? 
- É. Estou somente de calcinha e sutiã – sussurrei. Gustavo riu e levantou-se. 
- E por que precisa de mim? Malu , não começa... 
- Sobe aqui. Não quero descer. 
- E se a vovó... 
- Tudo bem. Sabia que você era gay. 
- Isso não tem nada a ver porra! Odeio quando me chama assim! – gritou. Eu ri. 
- Ficou ‘revolts’ – ri alto – Gustavo , não tenho o tempo todo. Você não quer uma chance para terminar o que não deu pra fazermos quando o Lucas chegou? 
- Quem disse isso? 
- Eu sei. E você me disse na mensagem. Não nega, gatinho. É você. 
- Gatinho? – riu. 
- Gostoso. Serve? – rimos. 

Ouvi a porta do quarto da vovó destrancar e corri como um ninja pro quarto. Tranquei minha porta e troquei de roupa. 


Maria Luisa Gomez : Quase deu certo o que ia fazer! hahaha 
Carol Nova: O que você ia fazer? 
Maria Luisa Gomez : Vou fazer o que ele quer. Carol... Não fala nada para a Camila . Eu estou fazendo isso para saber se é ele. Só isso. 
Carol Nova: AHAM hahahaha não engana Maria Luisa . Você quer. 
Maria Luisa Gomez : Não conta pra Camila . Promete? 
Carol Nova: Prometo amiga 
Maria Luisa Gomez : Eu te amo. Agora eu vou trocar de roupa e descer, a vovó deve ir a Igreja daqui a pouco. 
Carol Nova: Boa sorte louca! Hahaha 


Coloquei um vestido simples e desci. O Gustavo estava com a vovó vendo filme. 

- A senhora sabe quando Thiago vem? – perguntei. 
- Depois do natal, segundo Dalva. Ele vem pegar as coisas. 
- Saudades do Thiago ? – Gustavo perguntou. 
- Ciúmes? – rebati. 
- Fiz uma pergunta. Você deveria responder. 
- Sim. Saudades. Por que... Ciúmes? – ri. 
- Por que eu ficaria com ciúmes de você? 
- Quem sabe... – ri – Vó a senhora vai que horas para a igreja? 
- Daqui a meia hora. Vou tomar um banho e me arrumar. O café está pronto, se quiserem.
- Vou comer. Depois tomarei um banho daqueles e relaxar... Estou tão carente... – fiz bico. 

Depois que a vovó foi para a igreja, eu já estava no quarto, de calcinha e sutiã, bem cheirosa. Gustavo estava vendo TV ainda. Que vício mais chato! 

Gustavo ! – o chamei da escada. 
- Oi Malu – nem virou. Será que não é ele? 
- Estou te esperando aqui no quarto. Se me quiser, sou toda sua hoje. Ninguém pode nos atrapalhar. A vovó chega tarde da igreja. 
- Por que do nada começou a me querer? 
- Por que eu sei que você quer. E a gente precisa terminar aquilo. Estou lá em cima. Se não quiser, faço tudo sozinha. Pensando em você – Gustavo riu. 
- Você brigou com o Thiago ? Lucas ? Está chateada com algo? Por que você sempre recorre a mim quando... 
- Ah Gustavo , pelo amor de Deus! – desci as escadas de calcinha e sutiã, injuriada.Gustavo riu alto – Para de rir! Estou aqui te dando maior mole e você não quer? Qual o seu problema, cara?! 
- O problema não é você, Maria Luisa . O problema é o Thiago , seu namorado. Que é meu amigo. E a Camila , é sua amiga. 
- Então me diz... – cheguei mais perto dele, passando minha mão vagarosamente em seu peitoral – Por que mandou todas aquelas mensagens anônimas? Eu sei que foi você... Não foge mais, o Thiago está com a Letícia em outra cidade, outro mundo... Aqui, hoje, será só eu e você. Basta querer e a gente sobe – dei um beijo rápido em seu rosto e subi. 

Fiquei um bom tempo deitada na cama com a porta aberta. E nada do Gustavo . Será que não é ele o autor das mensagens? Será que faço tudo completamente errado? Alguém deve estar querendo me enlouquecer! 

- Toc toc... – Gustavo apareceu na porta do quarto. Sorrindo. Só de short. 
- Oi... – sorri sem graça. 
- Não vai mais tentar me seduzir? – Gustavo riu. 
- Desculpa. Faço tudo errado. Só queria saber quem me mandou essas mensagens. 
- Precisava disso? – olhou em meus olhos e eu abaixei a cabeça, com vergonha. 
- Não é você mesmo? De verdade? – continuei com a cabeça baixa. 
- Não. Poderia chegar a você ao invés de mandar mensagens anônimas. 
- Sei... É que parecia tanto ser você... – ri. 
Malu , eu quero ficar com você. Quero terminar aquilo. Você é perfeita, acho até que combinamos muito, sabia? – rimos. 
- Eu concordo que combinamos. Olha... Não quero fazer isso com a Camila , mas tive que optar por esse caminho... O errado – ri – Enfim, ainda estou aqui. Desse jeito que você está vendo. Se quiser – o olhei e sorri. Ele fez o mesmo. 
- Você é uma péssima amiga – Gustavo riu. 
- Não fala assim! Estou mal, estou carente. O Thiago me odeia... 
- E o Lucas ? 
- Eu não sei. Ele só fica comigo se for para namorarmos. Não quero namorar agora. 
- E onde me encaixo? 
- Em mim. 

Ele subiu suas mãos até meus cabelos e se aproximou. Nossos olhos se fecharam lentamente e nossos lábios se juntaram. Sua língua quente veio invadindo minha boca e eu a deixei entrar. Gustavo me deitou lentamente na cama e ficou em cima de mim. Nossos beijos e carícias começaram a esquentar e já estávamos completamente nus. Como pedi, Gustavo fez o encaixe, me fazendo murmurar o seu nome cada vez que sentia prazer. Estava precisando de um momento como aquele e o Gustavo conseguiu me fazer sentir a melhor garota do mundo. Mesmo que por poucas horas. Mas pelo visto, fui a única a se sentir completa. 

- É... Nove e quarenta da noite. A vovó chega dez horas – Gustavo disse, olhando as horas no relógio e levantando-se da cama. 
- Faltam vinte minutos. 
- Não podemos correr o risco de fazer as coisas rapidamente assim que ela aparecer. 
- Tem razão. 
- Vou tomar um banho – Gustavo abriu a porta. 
Gustavo ... 
- Oi. 
- O que aconteceu? Teve algo de errado? 
- Teve sim. 
- Como assim?! Não foi bom? 
- Foi. Poderia ter sido melhor se a situação fosse outra. 
- Não poderia ter dito isso. Você é um idiota! 
- Isso não podia ter acontecido Maria Luisa . Não poderíamos ter feito isso na situação em que encontramos. 
- Por que terminou com a Camila ? E por que quis transar comigo agora?! 
- Não sei o que deu em mim no momento. Foi bom sim, tá? Você é ótima. 
- Ótima? Estou me sentindo um lixo agora. É como se eu fosse uma... Esquece. Saia agora do meu quarto! 
Gustavo assentiu e saiu batendo a porta fortemente. Encaixei minha cabeça sob meu joelho e me pus a chorar como uma criança. Levantei e fui tomar banho no banheiro da vovó. Fiz de tudo para esquecer o que eu e o Gustavo fizemos em meu quarto, mas foi impossível. 
Vovó chegou por volta das dez da noite como sempre e eu estava na cozinha fazendo brigadeiro. Gustavo estava vendo TV como sempre, e a gente não se falava. 

- Que silêncio é esse? – vovó perguntou. 
- Estou vendo um filme – Gustavo respondeu. 
- O mesmo de mais cedo? 
- Não. Outro. Mal terminei aquele, não curti muito. 
- Você tá com uma cara de quem comeu e não gostou – vovó riu. 
- A senhora acertou em cheio. Infelizmente – saí da cozinha com o prato de brigadeiro e sentei no outro sofá. Gustavo continuava sério. Não sei por que disse isso, mas saiu. 
- O que houve? 
Maria Luisa não sabe o que diz. 
- Eu?! Você tem certeza? Tem a total certeza? 
- Sim. 
- Você é um otário, Gustavo . Melhor comer outra coisa para esquecer a sua última comida. Parece ter sido ruim. 
- Não foi ruim, acontece que não era para ter sido naquele momento. 
- Por que essa briga? Desde cedo sinto algo estranho entre vocês... – vovó disse preocupada. 
Gustavo só faz besteira vovó. 
- Você é uma santa. 
- Assumo meus erros. E você? 
- Que comida você comeu, Gustavo ? 
- Uma que a Maria Luisa fez. 
- Estão brigando por isso? 
- Não vovó. Tem várias outras coisas a serem discutidas também. Deixa pra lá, a errada fui eu. 
- Sempre – Gustavo rebateu. Levantei do sofá e fui comer no quarto. 

Quando olhava para minha cama, lembrava-se do acontecido comigo e o Gustavo . O que fizemos não sai da minha cabeça. 

- Sou mesmo uma idiota – pensei alto. 
- Anjo... Posso entrar? – vovó perguntou. 
- Entra vovó – sorri. 
- Me explica a briga, por favor. Sou avó de vocês, preciso saber. Confia em mim... 
- Eu confio. Não é nada demais, é que eu faço tudo errado em relação a garotos. Ninguém entende o que se passa comigo. 
- Não consegui entender. 
- Esquece vovó. Não é nada demais. Eu e o Gustavo brigamos, pois não concordamos em diversas coisas. 
- Eu vou tomar um banho e dormir. Fica bem ok? Qualquer coisa pode conversar melhor comigo. 
- Obrigada vovó. Eu te amo – ela beijou minha testa e saiu. 

Precisava conversar com alguém, então liguei para a Carol. 

- Oi amiga – falei tristonha.
- O que você fez de errado?
- Tudo. O meu plano não foi um sucesso e sim um fracasso.
- Gustavo é o autor?
- Não.
- Ai meu Deus! E quem é?!
- Não sei. Acho que nem quero mais saber, depois do que houve hoje.
- O que houve?
- Eu... Eu e o Gustavo transamos. Estava me sentindo tão bem enquanto estávamos... Você sabe... Mas ele não gostou. Me senti um lixo. Brigamos. Soltamos algumas faíscas perto da vovó...
- Ela sabe?!
- Não – ri – Eu acho. Estou muito mal. Não consigo olhar pra minha cama.
- Por quê?!
- Fico lembrando o que eu e ele fizemos – rimos – Mas assim que lembro, vem à voz dele dizendo: “Poderia ter sido melhor se a situação fosse outra. Não sei o que deu em mim no momento. Foi bom sim, tá? Você é ótima.” O ‘ótima’ me deixa tão mal. É como se eu tivesse sido qualquer uma pra ele.
- Eu não sei o que te dizer. Foi muito arriscado o que você fez Malu . Amanhã a gente conversa e me conta com mais detalhes. A Camila chega amanhã.
- Não sei com que cara vou olhar pra ela.
- Com a sua. Finge que nada aconteceu.
- Não dá!
- Então conta pra ela.
- Carol esse foi o pior conselho.
- Prefere que o Gustavo conte?
- Ele não vai.
- Aposto um real de chiclete que ele vai. Amanhã a gente conversa.
- OK. Eu vou dormir. Obrigada por me ouvir.
Acordei sem falar com o Gustavo e vice versa. A vovó tentava algo, mas sempre soltávamos algumas indiretas. Depois do almoço, ele estava na piscina tomando um sol - o que, diga-se de passagem, me deixou louca - e fui falar com ele. 

Gustavo ... 
- Oi. 
- Não quero brigar com você. Não quero que a gente fique assim. A vovó está estranhando e ela não gosta disso. 
- Nem eu gosto. Me desculpa ter dito aquilo, é claro que eu gostei do que aconteceu! Talvez possa ter expressado de outra forma, mas eu gostei muito. Desculpe o ‘ótima’ – riu fraco – não era para entender daquela forma. Não me arrependi de nada o que fizemos, mas poderia ter sido bem melhor se não estivéssemos fazendo aquilo por pressão. 
- Pressão? 
- A gente queria, mas no fundo não podíamos machucar as pessoas que amamos. E no momento, na vontade, acabamos sendo pressionados a tal coisa. 
- Entendo. Se tivesse dito tudo isso ontem, talvez não acontecesse briga nenhuma. Queria dizer que me senti tão bem contigo. Obrigada – sorri e saí da área da piscina. 

Eu e as meninas – Camila , Carol, Jade e Isabela , fomos tomar sorvete na praça. JP nos atendeu. 

- Boa tarde meninas... – sorriu – Vão querer qual sabor? 
- Sabor da casa. Parece ser bom – Isabela disse. 
- Chocolate caramelizado – Jade disse. 
- Frutas tropicais – Carol disse. 
- Azedinho – Camila disse. 
- Estou pensando. 
- Sempre pega o JP, vai mudar de opção? – Carol disse rindo. 
- Quero experimentar outro sabor. 
- Garanto que você ainda não experimentou o JP direito – JP disse me deixando sem graça – Mas então... Vai mudar de opção? 
- Vou querer o JP mesmo – sorri e o JP saiu para pegar nossos sorvetes. 
- Você não presta – Carol riu. 
- Com certeza ele é o autor das mensagens. Ele deve ter dito aquelas coisas para me confundir. 
- Ainda naquilo? – Camila perguntou. 
- Sim. E como foi sua viagem? 
- Ótima. Ontem o Léo foi lá em casa e a gente ficou – quando a Camila disse isso, Carol riu – Tá louca Carol?! 
- Eu sabia que vocês iam ficar... – Carol disse – E o Gustavo ? 
- Ele não deu um tempo? Estou aproveitando – sorriu – Ah, acho que cansei dele, sabe?! Ele também deve aproveitar muito esse tempo. Homens... 
- É né... – Carol disse. Fiquei sem graça. 
- Olha o sorvete chegando... – JP chegou e entregou nossos sorvetes – Qual JP você quer,Maria Luisa ? Um é de graça e o outro, custa quatro reais – rimos. 
- Agora eu vou pagar. Mais tarde o de graça está disponível? – sorri. 
- A hora que você quiser – mordeu os lábios – Tenho que ir, chegou mais gente – sorriu – Ah, te garanto que o de graça é bem mais gostoso que esse. 

As meninas ficaram rindo por horas das coisas que eu e o JP dissemos um para o outro. 

- E o Thiago ? – Camila perguntou. 
- Não nos falamos faz tempo. Deve estar com a Letícia. A perfeita... E você? Conversou quando com seu melhor amigo? 
- Ontem. Ele está ótimo e o fim de semana como vai ser natal, ficará lá. 
- Com a Letícia? 
- Não me disse nada sobre ela. Mas pra quê se importa? Você está aí, dando mole pro JP...  

Isso me deixou profundamente sem graça que não pude responder mais nada. 

***

- A Camila é tão esperta. Ela fala às coisas que chegam a dar medo – Carol disse. 
- É. Mas sabe... Eu não ligo. Ela ficou com o Léo. 
- Você como amiga não poderia ter ficado com o Gustavo . E vocês dois? 
- Estamos nos falando. 
- E não vai contar pra Camila ? 
- Carol... Escuta... Ela está muito bem e ficando com o Léo. Não é necessário, tá? 
- Tudo bem. Faça o que quiser. Foi um conselho. 
- Ela não vai contar ao Gustavo que ficou com o Léo. 
- Por que ela contaria?! Digo para você contar, pois ela é sua amiga e independente do termino dela com o Gustavo . Ainda rola algo entre os dois. Você não devia... 
- Já entendi. Não devia, mas fiz. Quem é você pra me dar esses conselhos? 
- Pensei que eu fosse sua amiga. Melhor você pensar, eu vou pra casa – suspirou – Tchau.

Liguei para o JP. Ainda não esqueci as coisas que falamos um para o outro na sorveteria. Da minha parte, só queria mesmo saber se ele falaria algo a respeito das mensagens. Como tenho agora noventa por cento de certeza que é ele, vou chama-lo para sair. 

- Hey J!
- Hey Malu !
- Tudo bem?
- Melhor agora falando contigo. Quando vai querer o JP de graça?
- Pode ser hoje? – ri.
- Sério? – riu – Claro que pode! Quer dizer, só um minuto... – JP cochichou com alguém por alguns minutos – Oi Malu ... Minha mãe me deixou sair – rimos – Quando quiser, a gente sai.
- Você foi pedir a sua mãe? – ri alto – Tudo bem, J – ri – Pode ser agora? Não estou fazendo nada. Te encontro na sorveteria.
- Tenho que pedir permissão a patroa, né? Não quer me esperar tomar um banho? Não demoro... Te ligo já já e a gente se encontra na sorveteria.
- Passo na sua casa então.
- Fica tranquila, eu tomo banho aqui mesmo – riu – Daqui a pouco te ligo.
Meia hora, o JP me ligou. Aproveitei para tomar banho também e até que fui bem rápida. 

- Pronta?
- Prontíssima! Estou saindo de casa em um minuto.
- Não precisa. Estou na frente da sua casa.
- UAU! – ri – Bem cavalheiro. Obrigada. Vou abrir.
Abri a porta e dei um abraço no JP. Ele estava cheiroso. 

- Muito bom esse seu perfume – sorri. 
- Só o perfume? 
- Ai, ai J... – ri – Você está lindo. Aonde vamos? 
- Minha casa. 

Seguimos a pé mesmo para sua casa e eu fiquei com vontade de perguntar logo se ele é o autor das mensagens. 

- JP... 
- Oi. 
- Eu quero te fazer uma pergunta. 
- Pode fazer. Mas não quer esperar chegar? É só virar aqui, naquele condomínio. 
- Você mandou mensagens pra mim anonimamente? Pedindo uma chance? Bom... Na mensagem relatava coisas que não poderia ser você, mas quem sabe não estava me confundindo? Depois de hoje na sorveteria, tudo o que me disse... Pensei ser você. 
- Vai fazer uma semana essas mensagens. 
- Foi você? – ri – Por que não disse ao invés de mandar anonimamente? Me deixou louca! – rimos. 
- Juro, ia contar... Mas gostei de ser secreto. Pensei que você fosse esperta o suficiente para descobrir rapidamente. Eu sei que te confundi com algumas coisas que não são verdades, mas... Chegamos. 

Não tinha ninguém em sua casa. Fiquei com vergonha, mas já suspeitava. 

- Cadê seus pais? 
- Na sorveteria. 
- Ah. 
- Eles me liberaram para sair contigo. 
- Emprego bom esse seu – ri. 
- Melhor que isso não tem. Aliás, tem sim... Você. Você e eu. 

Ele falava tão seriamente... Não sabia o que fazer. 

- João Pedro, João Pedro... – ri fraco. 
- Não sabe quanto tempo esperei por isso. Você nunca me deu bola. Quando estava solteira nunca ficava comigo. Pra você somos somente “amigos”. Tudo bem... Sei que não vamos namorar, mas eu sei que você está solteira, por isso não vejo mal nenhum já que estamos aqui... Só nós dois... – veio chegando mais perto de mim – Se... Se você não quiser, eu prometo, não falo mais nada e entendo que você não quer nada comigo. 
- Eu quero. Por isso vim aqui. Ainda mais que você é “-A” – ri fraco. 
- Quem? – ri alto. 
- Esquece... Você não entenderia. Aceitei sair contigo por que já sabia que é o autor das mensagens, então vim te dar uma chance – sorri. 
- Se não fosse eu? 
- Ah... Não sei. 
- Ficaria comigo? 
- Gosto de ti... Mas... É você mesmo, não é? 
- Sim – riu – Te mostro as mensagens. Mas primeiro, quero conheça meu quarto, minha cama... – sorriu. 
- João, nós só vamos ficar. Não passará disso. 
- Você me chamando de João? Parece minha mãe quando está estressada comigo – rimos.
- Desculpa... – ri – J... Nós não vamos fazer nada mais do que ficar, uns beijos... Só isso. 
- Sim senhora. Vamos ver se vai ser assim – piscou – Vem. 

Seguimos para seu quarto e ele foi logo tirando a blusa. Seu abdômen é perfeito. Igual ao do Lucas . 

- Faz academia com o Lucas ? – ri. 
- Não... – riu. 
- Está de parabéns – rimos. 

Enquanto o JP me observava, concentrei toda a minha atenção em seus lábios. Era tão vermelho e parecia exprimir muito desejo. Queria muito mordê-lo e beijá-lo. Me entreguei ao momento e cheguei mais perto dele. Senti seu toque suave em meu corpo, seus dedos percorreram meu pescoço, me fazendo juntar minha boca com a sua. Tiveram carícias quentíssimas em cima de sua cama, mas não deixei que passasse disso. JP entendeu, como um cavalheiro. 

- Melhor do que aquele beijo que demos quando te deixei na porta de sua casa – rimos. 
- Aquilo não foi um beijo! – ri – Foi um beijinho, quase um selinho. 
- Que me deixou com vontade de mais. Vontade do que demos agora... Só pude mata-la hoje, depois de muito tempo. Viu? Eu esperei! – rimos. 

***

Hoje, véspera de natal, o Thiago telefonou para falar comigo. Depois de uma semana sem nos noticiarmos. 

- Parece que faz um ano que não escuto a sua voz... – Thiago pigarreou – Hm... Como você está? Tudo bem com sua avó... Gustavo ... 
- Tudo ótimo – tentei parecer bem. Eu estava. Mas queria demonstrar que estava ótima sem ele – E com você? Como estão seus pais, Dona Dalva e a su... É... A Letícia... 
- Todos muito bem. Mais um natal que não estamos juntos. É engraçado isso, não? – riu fraco. 
- É. Mas dessa vez, não estamos juntos mesmo. Literalmente. 
- Não fala assim... 
- Já falei. 
- Por que me trata desse jeito?! Eu quem deveria estar te tratando assim, se não lembra o motivo do nosso tempo. 
- Não fala em tempo. Você terminou comigo, e foi passar o natal com a Letícia. E ainda vai morar aí. Não sou idiota. 
- Parece. Escuta, Maria Luisa ... Cansei de ser o bonzinho. Você sente algo pelo Lucas e vice-versa. Não tem o que esconder. Ele foi até Londres te ver, fez muitas coisas pra te ter, inclusive ser um vilaõzinho idiota... Ele te ama. Não sirvo mais pra você. Volta pra ele, eu vou ficar aqui e... 
- Voltar com a Letícia. É isso que você quer? Tudo bem, Thiago . Eu acho melhor mesmo. Muito melhor. Se quiser, nem precisa voltar pra cá. 
- Vou voltar só pra buscar minhas coisas. 
- Ótimo. Nem passe aqui em casa para se despedir. 
- Passarei para falar com a Tereza e o Gustavo . Nossa despedida é essa aqui. 
- Você está com a Letícia, não é?! Voltaram? 
- Por que quer tanto saber? É pra correr logo para os braços do Lucas , sem culpa? Pode ir! Eu e a Letícia estamos muito bem se isso te interessa tanto. Mas não voltamos. 
- Estão ficando. 
- Sim. 
- Ok. 
- Só isso? 
- Não. Por que não namoram logo? Foram feitos um para o outro. Todos amam a Letícia. Ela é linda, fofa, educada... Sem defeitos. Vocês se combinam muito. 
- Diferente de você, não é? 
- Não entendi. 
- Ela é linda, fofa, educada, todos amam... Diferente de você – fiquei um tempo em silêncio ao telefone, processando o que acabei de ouvir. Lágrimas caiam rapidamente – Maria Luisa ? 
- Obrigada por acabar comigo nesse momento. Sou feia, mal educada, rude... Ninguém me ama. Obrigada. Essa foi a pior coisa que já escutei em toda a minha vida. E olha que já ouvi tantas coisas péssimas, você sabe. Eu acho. Mas obrigada por estragar meu natal. Você sempre estraga – desliguei. 

Caí na cama e desabei no choro. Gritei tanto, que a vovó e o Gustavo subiram para me socorrer. Não tinha mais voz. Estava ressecada.

- Eu odeio esse garoto! Odeio! – joguei o celular no chão.
- Pega uma água pra ela, Gustavo – vovó pediu.
- O que houve... Foi o Lucas ?
- Lucas ... Coitado do Lucas ... Foi o idiota, o imbecil e otário do Thiago ! Arrrrrgh! Não quero ouvir mais o nome desse garoto. Nunca mais!
- O que o Thiago fez? – Gustavo chegou com a água.
- Acabou comigo. Com o meu natal.
- Ele disse o que? – Gustavo perguntou e me entregou a água.
- As piores coisas que já ouvi. Sou feia, mal educada, rude e ninguém me ama. Não quero mais falar disso. Me deixem ficar sozinha.
- Quer fazer aquela sobremesa que você gosta tanto? – vovó sorriu afagando meus cabelos.
- Eu amo esse sorvete que você faz... Vai Malu , levanta! Esquece o Thiago .
- A culpa foi minha na verdade. Sempre eu.
- O Thiago não deveria ter dito isso – vovó disse.
- Mas disse, e foi a pior coisa do mundo.
- Ele te chamou assim?
- Não Gustavo . Estou inventando.
- Foi ao pé da letra como você disse?
- Eu disse que a Letícia é linda, fofa, educada e todos amam... Ele disse “diferente de você.” O que acha que ele quis dizer?! Não sou idiota, eu entendi muito bem!
- Calma... Ele pode ter se chateado e dito aquilo sem querer. Você sabe que ele não acha isso. Você é linda, fofa, educada e todos te amam. Não se precipite achando que a Letícia é uma santa. Ela pode ser uma vilã – Gustavo disse.
- Gustavo tem razão meu anjo. Daqui a pouco ele te liga e pede desculpas. Vamos descer, lava esse rosto para fazer aquela sobremesa maravilhosa. Depois tome um banho e vamos curtir o natal.
- Só nós três, não é?
- A Camila e a sua avó estarão aqui.
- Sério?! – Gustavo perguntou.
- Não são amigos?
- Não sei ainda. Não conseguimos conversar direito.
- Aproveita pra conversar hoje.

Vovó e o Gustavo fizeram minha cabeça e eu desci para fazer a sobremesa. Depois que tomei banho, fui ver TV e nada do Thiago me ligar. Ele realmente acha isso de mim. Não foi nada sem querer. Ele quis dizer aquilo e estou me sentindo a pior pessoa do mundo. 

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