Capítulo 53


Depois do dia maravilhoso ontem, eu nem pensei no Lucas. O que me fez lembrar, foi uma foto que ele havia publicado no Instagram, com apenas um emoji das ondas do mar, de legenda. Ele é todinho o que chamam de “Garoto Tumblr”. A foto é dele no Rio de Janeiro, de costas para o mar. Todo modelete. Preciso ligar pra ele.


Ele atendeu rapidamente, parecia já estar esperando alguma ligação. Ou não, né? Sempre vive no celular.


- Malu.

- Oi... Posso te ver?

- Claro. Não precisa pedir, você é bem-vinda sempre – silêncio – Você e o Thiago estão ótimos, não é?

- Como assim?


Eu não quero brigar, mas ele pede.


- Eu não sou idiota. Vi fotos, vídeos e tudo. 

- Estamos curtindo sua volta ao Brasil. Digo, ele não vai voltar, é só... Só uma passagem rápida...

- Sei. Vou desligar, vem logo.

- Não me trata assim...

- Estou numa boa, Malu. 

- Tá... quem sou eu para dizer o contrário – desliguei.


Me senti mal. As coisas não deveriam ser assim. Não deveriam terminar assim.


- Vó. Vou na casa do Lucas.

- Finalmente lembrou dele – Gustavo disse ríspido.

- Vai defender seu amiguinho em outro lugar, ok?

- Não estou defendendo ninguém. Vocês fazem o que quiser. Digo, você, Lucas e Thiago. Se resolvam.

- Gu*s, a Malu só está aproveitando a passagem do Thiago.

- Ah vó, desculpa, mas a senhora sabe que rola... Não viu?! A senhora sabe. Todo mundo sabe. Até o Lucas. Não tem mais como fugir MariaLuisa.

- Não vou ficar discutindo.

- Ninguém está discutindo.

- Tenho mais o que fazer. Volto pela noite, vó.


Mandei mensagem para a Is*a e o Gabe, avisando que estava indo. Assim que cheguei, eles já estavam na portaria me esperando.


- SAUDADE! – Isabela me abraçou forte. Gabriel se juntou. Saímos do abraço uns minutos depois.

- Como vocês estão? Falem agora ou calem-se para sempre. 


Seguimos até a pracinha do condomínio.


- Eu estou muito bem. Não pude viajar para ver o Dan, mas ele vem me visitar amanhã – sorriu – Amiga, acho que vamos nos casar em breve.

- Oi?! – a olhei incrédula. Ela continuava séria. O que me fez rir – Você enlouqueceu? Tem 20 anos!

- Sim.

- Sim? Você enlouqueceu?! Gabe?! 

- É verdade, Malu – Gabe riu. 

- Vocês só me contam agora? Que dia foi isso?

- Amiga... queria ver a sua cara – riu – Essa semana que não nos vimos, rendeu altas coisas. 

- Certo. Eu vou falar com o Lucas agora. Vocês entendem, não é? Mas eu volto... Eu volto! Vai me contar direitinho essa história de casar. E você também, Gabriel.

- Eu não vou casar! – rimos.

- Ainda bem! Mas vai me contar as novidades. Todas.


Apesar de estar feliz em ver meus melhores amigos e saber que a Isabela vai casar – eu acho, não podia parecer feliz ao ver o Lucas. Não pega bem. Toquei a campainha. Cátia atendeu.


- Oi, Cátia! Que saudade! – abracei-a – Cadê o Lucas?

- LUCAS! – Cátia gritou, me fazendo rir. Como sempre. Ele desceu as escadas reclamando. Como sempre também. Parece mulherzinha na TPM.

- Já estava descendo! – respondeu enquanto descia as escadas – MariaLuisa, vamos conversar lá em cima. Não sei porque desci.  Você não precisa pedir pra subir.

- O menino acordou com a pá virada hoje, Malu – rimos.

- MariaLuisa não precisa disso. Ela sabe como chegar no meu quarto. Aliás, é o local da casa que ela mais frequentava – Cátia e Lucas riram. Eu fiquei procurando um buraco para me esconder – Só me chame se for pra comer. Lasanha. 

- Ai, ai, Lucas... Você não é mole! – rimos – Malu, Conheço o Lu*c desde pequeno, já sei o que se passa. Desceu porque quis, mocinho. Poderia ter gritado de lá de cima, te avisaria que a Malu estava subindo – Lucas suspirou.

- Nem precisa avisar dela. Já falei.

- Claro que precisa, Lucas. Vem, vamos subir logo. Chato – rimos.


Como conseguir conversar com o Lucas nervoso desse jeito?


- Você pode ficar mais calmo?

- Estou calmo. Estava curtindo com a cara da Cátia. Sabe que é assim sempre, sou meninão – rimos e eu tive que concordar – Mas... Você quer falar comigo. Da minha parte, já disse tudo.

- Só pensa em você. Quantas vezes te perdoei, quantas vezes fizemos as pazes e nos tornamos amigos? 


Silêncio. Continuei.


- Eu só quero que você saiba que eu te amo, pra sempre. Não importa os erros do passado e o que nós fizemos para esquecê-los. O carinho e amor que sentimos um pelo outro é maior que tudo. Talvez a gente não sirva para ficar juntos, mas a gente se ama. Vamos ser amigos, como sempre fomos para toda a vida, Lucas.


Silêncio.


- Eu te amo muito – Lucas disse.

- Eu também te amo muito. Mas...

- Eu sei – suspirou – não quero mais brigar. Eu já imaginava que a gente não ficaria juntos por muito tempo...

- Nós vamos estar juntos para sempre!

- Não do jeito que eu quero.

- Do melhor jeito possível, Lucas. Você não acha que seremos melhor como amigos? 

- Não. Mas posso concordar que... você me trata melhor assim.

- Não fala isso.

- Você me trata melhor quando somos somente amigos. Se a gente namora, você parece que entra num bloqueio, só pensa no Thiago.

- Não é bem assim.

- Tudo bem, exagerei. Nós já tivemos nossos momentos maravilhosos de romance – rimos – mas, quando você e o Thiago se falam e estão juntos, você me esquece. 

- Não.

- Não adianta negar, eu sei. Olha, depois que a gente discutiu na última vez em que nos falamos, eu fiquei muito chateado, mas pensei bem em tudo e resolvi que não dá mais pra ser trouxa por sua causa. Mas antes de tentar se defender, tá tudo bem.

- Eu sei que não está. Não está bem pra mim também. 

- Claro que está. Vai ficar com o Thiago.

- Não sei. Mas, apesar de qualquer coisa, eu quero ficar bem com você. Quero estar sempre aqui e que nos tratemos como grandes amigos, como sempre fomos. Com nossas palhaçadas diárias e bebedeiras – rimos.

- Mas, sem pegação... – concordei, rindo – Não sei se aguento te ver todos os dias e não poder te tocar e te beijar – veio chegando mais perto de mim. 


Entrei num bloqueio, não consegui me esquivar, eu quero. Pode ser a última vez que nós tenhamos esse momento. Lucas apenas sorriu ao perceber que eu também queria, e foi chegando cada vez mais. Não restou mais nenhum espaço entre nós, ele colocou suas mãos em minha cintura e foi acariciando-a, enquanto eu, colocava as minhas sob seus cabelos. Podíamos ouvir nossas respirações ofegantes, loucas por um beijo. Ou mais que isso. Talvez o último. 


- Eu... – deu um selinho – me sinto... – selinho – melhor agora... – selinho – sabendo que você ainda sente algo... – mordeu meu lábio. Estremeci por dentro.

- Sinto... – selinho – muita vontade... – selinho.

- Você não quer compromisso... – falou depositando beijinhos em meu pescoço, ponto fraco – comigo... – foi subindo até minha orelha – porque não confia em mim, não é? – mordeu meu lóbulo.

- Não fala isso. Eu confio em você. Sabe muito bem que... – acariciava suas costas – a gente tentou. Mas você talvez não funcione para um compromisso e eu... 

- Você quer o Thiago para um compromisso.

- Vamos tentar esquecer isso. Vamos fazer o que tem que fazer agora – tirei sua camiseta. Lucas sorriu, demonstrando querer o mesmo que eu.

- Você veio aqui com esse propósito? – riu enquanto desabotoava o meu vestido – Não entendo, você ama roupa com botões. Desabotoar cada um dá um desgaste mental – rimos – Dá vontade de rasgar tudo de uma vez!

- Ow! Calma aí gatinho, eu tiro pra você – rimos e eu o ajudei a retirar meus botões e claro, o sutiã. 


Depois disso, estávamos entregues um ao outro, por talvez, a última vez. Quem sabe um dia... somos loucos, inconsequentes. Com vontades a flor da pele. Eu e o Lucas não medimos nossas vontades. E tudo o que rolou por horas no quarto do Lucas, é segredo. Ok, a Isabela pode ficar sabendo. 


Depois do clímax, ficamos jogando conversa fora, mas precisei voltar ao assunto que nos ronda hoje.


- Lucas, apesar disso que rolou...

- Você gostou?

- Muito... – sorri – É... Como ficamos? Você quer manter amizade comigo, ou essa é a última vez em que nós temos um contato? Tanto amigável, quanto... você sabe.

- Não. Acho que vou te odiar pra sempre – Lucas disse sério. Arregalei os olhos. Ele riu – Calma, gatinha. Não se preocupa. Quero sempre estar ao seu lado. Fiz as maiores loucuras possíveis por você, nunca havia feito para nenhuma garota. Aliás, nunca amei ninguém como amei você. Na verdade, eu nunca vou deixar de te amar. Mas seguimos em frente. Você com o Thiago, que, porra, sortudo. Conseguiu fazer o que eu deveria ter feito antes de você ter o conhecido. Mas... enfim. Você e ele, e eu, na vida bandida – rimos.

- Claro! Você nunca larga a vida bandida – rimos – Ei! Lembrei de algo... a Mariana, ela vai voltar, não é? 

- Isabela te contou?

- Não... Vi no Facebook dela, uma foto com uma legenda em inglês, falando sobre nunca ter saído de onde nasceu... e os pais comentaram que estavam esperando por ela. 

- Ela mudou bastante.

- Que bom. Precisava. Talvez a gente possa voltar a ter um contato mais amigável.

- Com certeza vão ter.

- Se ela chegar aqui com aquele jeitinho dela mimado e soltando farpas, eu meto a mão na cara dela. Já devia ter feito isso há muito tempo! Consertar aquele nariz torto – Lucas riu alto.

- Você não presta. A Camila deve ter te ensinado como quebrar o barraco – ri alto.

- Sabe... é disso que eu gosto na gente... rindo e falando dos outros – rimos – Quero pra sempre nosso jeito louco.

- Pra sempre, gatinha – sorrimos.


Passei muito tempo com o Lucas, e precisava voltar a noite. Ainda quero ver o Gabriel e a Isabela. Ela precisa me esclarecer essa loucura de casamento. Eles estavam na pracinha do condomínio. Mas, tinha uma galera com eles. A de sempre.


- Olha ela! – Isabela gritou – Demorou, amiga... – falou com um olhar típico de quem sabe que eu fiz algo errado. A galera riu.

- Malu, a gente estava com saudades de você – Pedro Lucas se levantou e me pegou no colo.

- E eu não estava?! As noites com vocês nessa pracinha eram as melhores. Saudades de todos – gritaram “UHUL!” e bateram palmas.

- Depois a gente conversa, dona MariaLuisa. Dorme lá em casa. PORFAVOR! – Isabela implorou.

- Amiga... Eu falei a vovó que voltaria pra casa... – Isabela me deu o celular.

- Liga – ri e fiz a ligação. 


Na verdade, eu queria ir pra casa. Amanhã eu preciso falar com o Thiago.


- Oi Is*a... Algum problema?

- A senhora só pensa em problemas, dona Tereza – ri.

- Poderia ter telefonado do seu celular.

- Is*a me emprestou o dela. É... eu posso dormir aqui?

- Bom... Você não levou roupas, mas tudo bem, eu deixo. Você está em casa. E falou com o Lucas?

- Sim. Nós estamos muito bem, eu acho.

- Que ótimo! Quero saber de toda a conversa.


Não posso contar a vovó o que fiz com o Lucas.


- Ah, claro! Quando chegar te conto tudo – mentira – Tenho que desligar. Um beijo, boa noite.


Devolvi o celular e assenti como um sim, para Isabela.


- Maravilha – Is*a sorriu.

- Malu, já que está aqui, quero te roubar por uns minutos – Pedro Lucas disse – Posso? – perguntou ao Gabe e a Is*a.

- Vou cuspir, volte até o cuspe secar! – Gabriel disse, nos fazendo rir.

- Que nojo, cara! Voltamos já – me puxou.


O que será que ele quer? Pedro Lucas é louco que nem o Lucas. Deve ser de nome.


- O que foi, homem de Deus?! – perguntei apreensiva.

- A Isabela.

- O que ela fez?  

- Vai casar mesmo? Ela estava falando com as meninas e pude escutar.

- Eu ainda não sei sobre esse assunto, mas ela me falou por alto que sim. 

- Você acha loucura? E esse namoro dela com esse cara aí... Ele é certo demais pra Isabela. 

- Peu... Eu sei que ainda rola um sentimento. Mas a Is*a me parece bem feliz com o Danilo.

- Acontece que não é motivo pra casar. É só um rolo.

- Desculpa amigo, mas... ela viaja pra vê-lo, ele inclusive, vem amanhã... parece ser sério. Desculpa desapontar. Você acha que rola entre vocês ainda?

- Eu tenho certeza. Sei que a gente nunca se resolve de verdade. Mas a Isabela ainda vai ser minha. 

- Cuidado para não meter os pés pelas mãos. 

- Desculpa, não sou que nem o Lucas. 

- Um pouco...  – rimos. 

- Mas não vou acabar com o relacionamento dos dois. É só uma certeza que eu tenho, ela sente por mim algo mais forte do que pelo Danilo.

- Com que certeza?

- Pode perguntar pra Is*a. Eu sei. Eu sinto. Desde que começou a namorar com o certinho, ela nem fala direito comigo, não senta mais ao meu lado... Ela me evita. Mas a gente sempre pega se olhando e... Ah, fala com sua “BFF”, ela sabe muito bem que existe sentimento. E... caso fale, me conta? – riu fraco. Ri alto.

- Bom... Depende. Se você não for fazer alguma loucura, quem sabe. E se ela me pedir segredo, é segredo. 

-  Não vou fazer loucura. Mas quero ter certeza. Quero ir aos poucos – o olhei curiosa – Não... Não irei machucá-la, nada pra acabar o romance, com loucuras que nem o Lucas fez. Vou fazer do meu jeito. O jeito que ela conhece – sorriu vitorioso. Tive que rir.

- OK, amigo. Sabe o que faz. 


Voltamos para a pracinha, o pessoal estava conversando sobre viagens. Isabela já estava falando que ela e Danilo vão pra Paris na Lua de Mel, local onde os dois se conheceram. Olhei para o Pedro Lucas e sorrimos. Será mesmo que ele consegue ter a Isabela de volta? A história dos dois é um vai e volta bem louco, por isso sempre entendo a minha amiga. Somos iguais. Eles se conhecem desde crianças e começaram a se apaixonar muito rápido. Os dois tiveram o primeiro beijo e a primeira vez um com o outro. Sempre ficaram, mas nunca assumiram um romance. Nas festas, ele sempre estava com alguma garota e ela com algum garoto. Parecia competição. 


Mas quando os dois estão juntos, parece que um imã os percorre, a química é muito louca. Ambos já tiveram alguns namoradinhos, mas o amor falou mais alto e enfim, namoraram. Mas começaram a brigar demais, Isabela é possessiva e o Pedro Lucas não aguenta isso nela. Se distanciaram, mas ainda rola o sentimento. Ela arranjou o Danilo e ele, continua sozinho, mas com todo mundo. 


Como uma boa curiosa, vou questionar a Isabela, sobre o que se passa entre ela e o Pedro Lucas. Amo o Danilo, é muito gente boa e realmente, os dois se gostam mesmo. Mas, o Peu está aqui, é tudo mais fácil e a química mais forte. 


- Que fofo, amiga – falei, em questão da Lua de Mel em Paris.

- Todo mundo já sabe do casamento. Falei que vai ser aqui mesmo e assim que terminar, eu e o Dan vamos voar para o Rio, onde ele mora. 

- E a Lua de Mel?

- Depois... Temos tempo – sorriu.

- O que você e o Pedro estavam fofocando? – Gabe perguntou.

- Segredo – Pedro disse.

- Sério que você não vai me contar? – Gabriel disse, furioso. Mas rindo.

- Quem sabe depois, Gabe... 

- E... eu posso saber? – Is*a perguntou.

- Não – Pedro foi curto e grosso. Mas sim, ela vai ficar sabendo. Não tudo.

- Sempre grosso.

- Não fui grosso.

- Malu vai me contar, somos melhores amigas.

- Pedi segredo. Não importa se é melhor amiga ou não. Também sou amigo dela e segredo é segredo.

- Que amor vocês dois. Por que não se agarram logo?! – Gabriel falou, rindo.

- Idiota. Eu namoro. E vou casar – Isabela tratou de responder.

- Certo. Primeiro noivar, não? 

- Não importa... Amo o Danilo – tratou logo de falar “Danilo” em alto e bom som. 

- Não precisa enfatizar o nome do seu namoradinho, todo mundo sabe quem é. Cada dez palavras, onze é esse cara – Pedro disse.

- Eu o amo. Algum problema?

- O problema é seu e dele. Sejam felizes.

- Faça o mesmo com as suas peguetes. 

- Poderia ter sido diferente. Você estragou tudo.

- Eu?! Pedro Lucas, por favor... 

- Gente... – intrometi – vamos parando. Se tratar desse jeito não adianta nada. Peu... 

- Desculpa, Isabela – Pedro Lucas disse, cabisbaixo.

- Is*a...

- Desculpa também, Pedro Lucas – Isabela disse. 


A conversa voltou ao normal, mas os dois trocavam olhares. O Pedro Lucas tem razão. Ainda rola sentimento. 


<center><b>Cap. 54</center></b><br></br><br></br>


Na casa da Isabela, depois de muita conversa na pracinha, tomamos banho e sentamos em sua cama para conversar. Queria muito saber do casamento, mas agora, o caso Pedro Lucas estava pulsando mais forte.


-  Isabela Bittencourt... Eu sei que você e o Danilo vão se casar. Bom, é o que diz – ri – Mas, e o Peu... ainda sente algo? Dá pra ver que ele sente bastante. 

- O que ele te falou?

- Sobre?

- Mim.

- Nada. Eu quero saber de vocês.

- Eu namoro o Danilo. E sim, vou casar.

- Tá... mas... desculpa, eu sei que rola. Você não quer me contar por quê? Eu sou sua amiga.

- Não tem o que contar. Posso falar do casamento? 

- Você piora as coisas dessa maneira – Isabela suspirou e levantou da cama, seguindo para o banheiro do seu quarto – Tudo bem, Is*a. Desculpa me intrometer. Fala do casamento...

- Não quero mais.

- Então eu vou pra casa. 

- Como?

- Com as pernas. Posso pegar um ônibus ou táxi. Aliás, posso pedir ao Lucas.

- Desculpa amiga, mas... Aff! Eu não aguento! – voltou do banheiro e sentou na cama e colocou o travesseiro no rosto. Retirei-o.

- Não quero me envolver nessa parte da sua vida. Quero te ajudar.

- Você já se decidiu, não é?

- Sim. Mas decisões são complicadas. Eu amo muito os dois, eu e o Lucas conversamos e vai dar tudo certo entre nós. Grandes amigos, como sempre. Porém... não poderíamos deixar de termos a nossa despedida – ri alto e a Isabela gritou.

- AHHHHH DANADOS! Eu sabia que a demora serviu pra algo! – rimos.

-  Segredo. Só você sabe. E enfim, eu e o Thiago, espero que a gente se acerte e... O futuro pertence a Deus. Mas não foge do assunto, me fala tudo agora!

- Tá... Eu ainda sinto algo pelo Pedro Lucas. Não tem como. Mas amo o Danilo, ele é tudo o que uma garota quer! Ele é lindo, fofo, amigável, carinhoso... Ah, Malu, você vê! 

- E o casamento?

- Eu quero. 

- Ele te pediu?

- A gente estava vendo um programa de TV e comentamos sobre, aí ele perguntou: “Casa comigo?” eu disse “MEU DEUS É CLARO QUE SIM” e a gente se beijou muito e depois ficamos programando tudo – ri alto – O que foi?!

- Amiga, desculpa. Vocês são novos ainda. Não se precipita e não sai espalhando. Nem sabe se vai rolar.

- Vai rolar. Nossos pais amaram – ri alto.

- Jura?!

- Bem... Um pouco. Mas disseram nos ajudar com despesas.

- Loucos... – ri – Já vi que você precisa pensar nessa loucura.

- Você quer eu e o Pedro Lucas juntos?

- Não! Quer dizer... Amiga, vocês precisam largar o orgulho e conversar. Parem de soltar farpinhas o tempo todo. Se você não quer mais, quer esquece-lo e ficar com o Danilo, precisam conversar. Quem sabe não voltam a ser amigos? Vocês funcionam bem juntos. E eu sei que ele sente muito sua falta.

- Eu sei, ele te contou. Já entendi – ri – Bom, tudo bem. Vou pensar. Não quero voltar a falar com ele. Não gosto de falar sobre ele. Eu fico voltando a lembrar de tudo... 


Não é que eu não queira que a Is*a e o Danilo se casem. Só acho precipitado. Eu sei que se amam e mesmo sendo pouco tempo de convivência, parece que já namoram há anos. Mas casar? É cedo demais. Deixo essa conversa pra lá e mudo o assunto para algo sobre mim e Thiago.


  • Is*a... eu acho que vou morar na França com o Thiago. 

  • Você enlouqueceu?! Mas assim, de repente?

  • Sim. Acabei de ter a ideia. 

  • Você tem uma vida aqui no Centro. Tem sua faculdade e seu emprego.

  • Sim.

  • Sim?

  • Sim.

  • OK. Eu não falo mais nada.

  • Ele não quer voltar. Quer ficar aqui comigo. O que eu posso fazer é ficar com ele lá até que conclua o curso – Isabela riu – estou falando sério!

  • Você claramente não está. Depois eu é quem enlouqueci. MariaLuisa, você não pode mudar sua vida dessa forma. Não pode sair por conta do Thiago que não quer ficar na França! Isso é imaturo. Eu tenho certeza que ele não vai querer isso de você. Logo ele, que numa conversa com Marcela, acabou te dando um tão sonhado emprego. 


Ela tem razão.


  • É claro que ele quer voltar – Is*a continua – sente falta da família e de você, a Letícia está com outro e ele não está se sentindo bem. Ou ele segue firme sozinho, ou com o apoio da família, pode voltar e terminar o curso aqui. 

  • Desculpa, você tem razão. Mas não quero que a sua conquista acabe assim. Tenho certeza que se eu for com ele, vai se sentir melhor. 

  • Eu sei, amiga. Mas já que admitiu que tenho razão, deve saber que com certeza o Thiago sente o mesmo. Então esquece isso, e pense que se ele voltar pra França, um esperará pelo outro. 

  • É – sorri. 

  • Então.  Conversa com ele, com calma, mas esquece isso de ir. Se eu souber que ele te deu essa ideia, eu vou até o Thiago e quebro ele todinho! – rimos.

  • Isso não vai acontecer. Digo, ele não vai me dar essa ideia, falando sério. 


Precisava conversar com o Thiago. Ele ainda não me disse se volta ou não pra França. 


  • Thi... eu preciso saber.

  • Eu ainda não pensei.

  • Não acha que está na hora? É um assunto sério!

  • Você não precisa falar disso toda hora. Eu decido quando voltar pra lá.

  • Tá brincando? Não é como se você tivesse que voltar pra São Paulo ou pro interior. É na FRANÇA! Sabe?! Outro país! Você ganhou uma bolsa para estudar lá, não pode deixar de lado e voltar quando quiser. Pensei que fosse mais responsável. 

  • Eu resolvo tudo. Sozinho! Quando você menos esperar, tudo está resolvido.

  • Tá... e eu sempre sou a última a saber. Você nunca conversa comigo, sempre resolve tudo sozinho e não me conta as coisas. 

  • Desculpa. É o meu jeito. 

  • Então não quer dizer que ainda não pensou. Só não quer me contar. 

  • Na verdade, eu ainda não pensei, mesmo. Não faz uma semana que cheguei. Não quero pensar em problemas, apenas curtir. Eu não quero voltar pra França. Eu não me senti bem lá. Fui por pressão.

  • Eu não perderia a oportunidade. Pensa no seu currículo e na sua carreira.

  • Malu... esquece, ok? Eu penso nisso outro dia. 

  • E... se eu fosse com você?

  • Esquece. Não pensa nisso, eu não quero. 

  • Lembra? Um dia você me chamou pra morar lá com você.

  • Eu falei sem pensar, MariaLuisa. Não vou deixar que você faça isso. É França, não São Paulo, como você diz. 

  • Eu sei. Apenas falei por curiosidade. Queria saber sua resposta.


Depois de mais dois dias sem importunar o Thiago, pensei em falar com ele mais uma vez sobre sua decisão, mas o Gustavo veio falar comigo antes que eu fizesse a ligação. 


  • Vou no interior do Thiago, com ele. Voltamos amanhã. Já falei com a vovó.

  • O que vão fazer lá? Por que não me falaram?

  • Estou falando agora.

  • Grosso. O que estão aprontando?

  • Vamos na faculdade, que fica lá no interior. Vou levar ele no meu carro. Para não voltar tarde, amanhã cedo pegamos estrada.

  • O que ele vai fazer na faculdade?

  • Eu não sei. Fala com ele depois. Fui!


Liguei imediatamente para o Thiago, que me atendeu na mesma hora, já me respondendo o que eu queria saber.


  • Vou na faculdade, resolver a minha matrícula. Volto amanhã e te conto melhor. 

  • E a França?

  • Não quero. Nunca quis.


Silêncio reinou por alguns segundos.


  • Thi... completa pelo menos mais um semestre. Um ano. Depois você volta.

  • Desculpa, Malu. Não quero falar disso agora. Vou desligar, vamos pegar estrada. Três horas de carro, vou revezando com o Gustavo.

  • Thi... não cancela o intercâmbio na França, não faz isso agora. Eu te espero. Completa um ano – Thiago suspirou.

  • Eu preciso desligar.

  • Faça o que quiser, já é crescidinho o suficiente para saber o que é certo ou errado. Tenham uma boa viagem.

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