Capítulo 43


Fizemos a nossa última visita á cidade, andamos de bicicleta e pela noite, fomos nos divertir numa danceteria.

"Não responde mais minhas mensagens... Aconteceu algo?! Lucas."

Parei de responder ao Lucas, pois não queria mais confusão com o Thiago.

“Me perdoa, estou com muita coisa para fazer por aqui. Mas na verdade, não quero mais confusões com o Thiago e não quero mais brigas. A gente se vê quando eu voltar. Falta pouco, ok? Por favor, chega de confusões.”

“Não causei nenhum tipo de confusão. Mando mensagens de saudades, por que é o que eu sinto, me desculpa. Eu aposto que se não mandasse mensagem para você, iria estranhar, não? Mas tudo bem. Talvez eu entenda. Não aguento mais de saudades, estou quase indo aí te ver. Eu te amo. Lucas.”
Acordei ainda com muito sono. Dormi muito pouco para quem tinha que acordar cedo e seguir para Oxford. Entramos na van, os meninos foram na frente, meninas no fundo e a Marcela ao lado do Fred, que dirigia. Vamos encontrar o Gerald por lá.

- Você respondeu o Lucas? Vi quando disse que ele me mandou uma mensagem, mas fui dormir depois – Camila disse.
- Sim. Mas já apaguei as mensagens.
- O que você respondeu? Não vai terminar com o Thiago não, né?
- Camila, deixa que a Malu resolve. Não é mais assunto nosso, ela já disse. Você também está numa enrascada, e sabe – Carol resolveu dar pitacos e dessa vez, ela estava certa. Eu acho...
- Acontece que a Malu é minha amiga, e eu, diferente de você, dou bons conselhos. Já você... Parou pra pensar que continua a mesma? Vadia e víbora?! E a propósito... Em que enrascada eu estou?
- Enlouqueceu Camila?! Não vou falar o que é. O Gustavo está sentado aqui atrás – Carol começou a falar mais baixinho.
- Por isso mesmo! É bom que ele ouça, não tenho medo! – Carol alterou o tom. - Para Camila, é sério...
- Ai Carol, me poupe! Você pode enganar a Malu, que é ingênua, mas a mim... Ah, meu amor... A mim você nunca enganou! Pensa que não sei que você ainda é louca pelo Thiago?! E PROBLEMA DO GUSTAVO SE OUVIR!

O Gustavo colocou a cabeça no banco onde estávamos sentadas e perguntou por que o seu nome se infiltrava na conversa. Os meninos automaticamente quiseram saber.

- Conversa de mulher – Carol disse sem graça.
- A Carol quer dar uma de santinha. É isso... – Camila riu nervosa.
- Camila, para! – Jade gritou. Eu não sabia mais o que fazer. Ainda estava absorvendo.
- Malu, me diz uma coisa... Acha que eu dou maus conselhos pra você? Não estou sendo uma boa amiga? De verdade, eu te considero a minha melhor amiga! Amo o Igor, não tem nada a ver isso de ainda gostar do Thiago. Por favor, não pense nisso!
- Não se preocupa Carol. Eu sinto que você é mesmo uma boa amiga. Só se estiver me enganando muito bem, mas acho que não, até por que eu não sou ingênua – fitei bem a Camila, em sinal de reprovação pelo que disse – E sei muito bem quando estão falando a verdade comigo.

A Camila percebeu toda a bagunça que causou e calou-se. Ficou olhando para a janela e vendo a paisagem.

Chegamos a Oxford e o hotel era um pouco melhor que o de Cambridge. Gerald já estava nos esperando.

Almoçamos, mas ainda assim, tudo estava silencioso.

- Prometo a vocês que Oxford é bem legal! Não vou tocar muito no ponto acadêmico, vou mostrar as partes mais divertidas – Gerald sorriu.
- Ótimo! Precisamos de uma boa diversão! – disse rindo sem graça.

- Que briga foi essa que rolou no caminho? – Thiago me perguntou. Estávamos na van, seguindo para um passeio.
- A Camila veio saber se o Lucas ainda me mandava mensagens. Contei da mensagem que mandei e ela começou dando pitacos. Os de sempre. Com isso, a Carol entrou na conversa e disse que não era para que ela se intrometesse mais, pois eu já tinha dito que esse assunto é coisa minha.
- Quando apareci ela gritou que podia contar ao Gustavo. Então fiquei sem entender.
- Ela disse que Carol continua a mesma víbora e vadia de sempre, que ainda te quer... O problema foi a Carol ter dito isso: “Você também está numa enrascada, e sabe...” A enrascada que ela quis dizer, é por gostar do Léo. Quer dizer, ela nunca disse nada, mas a gente sente. A partir disso, você ouviu.
- Que ela gosta do Léo não é novidade. Já percebemos... – Thiago riu.
- Mas esquece, não comenta nada. Isso fica entre nós.
- A briga então foi por sua causa...
- Sempre.

Oxford é o orgulho britânico quando se fala em Universidades. Melhor do que Cambridge. A Universidade de Oxford é uma das cinco melhores do planeta! Visitamos alguns dos principais locais de Oxford e fomos descansar. À noite vamos nos divertir.

Até agora, Carol e Camila, não se falaram. O orgulho é enorme. Eu não quis me meter, preferi deixar para amanhã.

Acordamos bem cedo, fomos jogar futebol e depois fomos almoçar. O Gerald disse que depois do almoço, poderíamos fazer compras. Depois que voltamos, ajeitamos nossas coisas para seguir viagem. Vamos voltar para Londres. Amei ter conhecido o Gerald, ele nos disse que era para adicioná-lo no Facebook, pois queria manter contato conosco.

“Simplesmente fiquei chocada com Oxford. Aqui é muito legal! Melhor do que Cambridge. Sou #TeamOxford hahaha! Sabia que havia uma diferença enorme entre as cidades.
Acabamos de voltar para Londres e falta quase um mês para o fim do intercâmbio. Brasil... Estou voltando!
Beijos.
Malu :*”

***


Até que enfim a Carol se posicionou e pediu para conversar com a Camila.

- Agora não Carol – Camila disse de olho na tela do seu notebook. Nem olhava para Carol.
- Se não quer me olhar, tudo bem. Mas me escute pelo menos. Camila... Gosto muito de você e te considero uma das minhas melhores amigas, assim como considero a Malu e a Jade. Confio em vocês e não queria ficar assim contigo. O jeito que falei naquela hora não foi para magoar ou começar uma briga, e sim para te alertar, por que a MariaLuisa sabe muito bem o que fazer com o namoro dela. Tudo bem, podemos dar conselhos sim! Mas, me desculpa... Você exagera! Por isso ela não conta mais nada... Ahm... Sobre a outra coisa que tinha dito, da enrascada... Foi uma brincadeira, em relação ao Léo – assim que a Carol citou o nome do Léo, Camila retirou os olhos do notebook e fitou a Carol – Ahm... Foi uma brincadeira, não sabia que ficaria chateada. Quer dizer, você sempre fica. Mas não sabia que seria desse jeito! Desculpa.
- Claro que eu desculpo! Estresso fácil, na verdade, eu quem deveria pedir desculpa pelo que te chamei. Depois percebi a burrada que fiz, mas não era o momento de consertar. Eu sei que a MariaLuisa já cansou de ouvir as mesmas coisas que eu falo sobre ela e Lucas, Thiago, mas é que eu só quero o bem da minha amiga e o bem dela é com o Thiago. Falo sempre pra ver se ela se toca! Mas é teimosa. Estou vendo que vou deixar pra lá então, e que se vire! Bom... Desculpas aceita. Encerro o caso por aqui.
- E que se vire?! Camila, você não pode falar desse jeito! – gritei.
- Quer que eu fale como? Se você não quer mais os meus conselhos, não quer conversar comigo sobre os seus relacionamentos, então que se vire mesmo. Resolva sozinha.
- O problema não é esse. Só você não conseguiu entender... Não use relacionamento no plural, meu único namorado é o Thiago. Não quero começar uma briga, então esquece o assunto. Sei me virar.

Me levantei e saí do quarto indo em direção à sala, onde os meninos estavam. Meu semblante não era dos melhores, por isso rapidamente eles perguntaram o que houve.

- Coisas de mulher – respondi.
- Acha que não escutamos daqui? – Gustavo disse.
- O que você ouviu?
- Estavam conversando sobre a Carol e Camila, aí você se meteu no final.
- Ficou ouvindo da porta?
- Não sou você. Acontece que falaram alto, aqui é pequeno, dá para ouvir.
- Não me meti no final. A Camila falou algo sobre mim de que não gostei. Foi isso. Se quiser saber, pergunta a sua namorada. Eu vou tomar um ar – fui em direção à porta.
- Malu, espera! – Thiago gritou – Vou contigo.

- Qual foi o problema? – Thiago perguntou.
Contei tudo detalhadamente ao Thiago. Até que enfim, ele me deu razão.

***


Faltam exatamente treze dias para voltar ao Brasil. Hoje, tem um festival de inverno que faz muito sucesso em Londres e claro, estaremos presentes. Esse faz parte do pacote.

Com o frio muito forte que estava começando a chegar, resolvemos comprar algumas roupas de frio, mesmo que faltem poucos dias para voltarmos. O festival foi realmente o melhor que já fui até agora! Não por ser em Londres e sim, pelas bandas que estavam tocando e o parque, que foi incrivelmente incrível.
Todo o domingo postava vídeos da nossa semana aqui em Londres e estava sendo muito bom, pois cada vez mais conquistava pessoas novas para ler meu blog e assistir meus vídeos. Com o tempo, vou descobrindo o que farei da vida.

***


Três dias para ir embora e hoje à noite, vamos curtir a última festa.

- Tem conversado com o Lucas? – Marcela me perguntou. Achei estranho, pois não o conhece. Quer dizer, só quando eu converso com ela. Sabe como é... Opinião de um adulto experiente é sempre bom.
- Não. A última vez foi por mensagem. Disse a ele que não queria mais confusão nenhuma... Por quê? – me atrevi a perguntar. Fiquei curiosa.
- Ah... Nada demais. Só queria mesmo saber se ele conversou com você nesses últimos dias.
- Marcela... O que houve? Você nunca me perguntaria do Lucas dessa maneira – já estava ficando preocupada.
- Relaxa meu anjo. Não é nada... Queria saber, afinal você nunca mais conversou sobre ele comigo. Desencanou? – riu fraco.
- Ainda fico confusa com esse assunto – rimos – Mas quando voltar ao Brasil tudo vai se resolver.
- Tomara. Desde o Canadá te vejo assim... Já passei por isso e imagino muito como está seu coração e sua cabecinha no momento – sorriu – Bom... Eu vou indo, tenho que terminar de resolver umas coisas rápidas por aqui. Nos vemos na hora de ir embora. Boa festa e curta muito, ok?! Mas sem beber! Me conta depois o que aconteceu – rimos e ela deu um beijo em minha testa saindo do quarto.

Deixei pra lá a conversa da Marcela e voltei ao computador. Tinha acabado de editar o penúltimo vídeo da viagem e estava indo postar no Youtube.

- Demorei, mas consegui terminar o babyliss. Gostou? – Jade chegou ao quarto, com o cabelo todo enroladinho. A coisa mais linda.
- Perfeita amiga! Simplesmente vai arrasar na festa!
- Obrigada – sorriu – Só falta escolher a roupa. Camila está com o Gustavo em algum lugar, Carol foi comprar uma roupa e os meninos estão lá em baixo jogando conversa fora. Marcela já foi?
- Já... E ela me perguntou sobre o Lucas, acredita?! – Jade ficou mais curiosa e sentou ao meu lado na cama. Rimos – Você precisa ver, fiquei curiosa demais sobre isso, afinal ela nem conhece o Lucas! Só quando eu converso com sobre minhas confusões – rimos – Enfim, ela disse que só queria saber, por que faz tempo que não conversava sobre ele. Pensou que tinha desencanado – rimos.
- E desencanou? Não né! – rimos.
- Não mesmo amiga. É tudo muito confuso ainda. Já passou por isso?
- Não. Apesar de gostar do... Ahm... Do Miguel e ficar com o John, é diferente da sua situação.
- Verdade. Ai amiga... Não sei o que vestir. Última festa, precisamos ficar lindas! Afinal, vou filmar tudinho!

Depois que a Carol chegou das compras, escolhemos a nossa roupa. A Camila já tinha separado, e estava curtindo com o namorado. Todos prontos, comecei a fazer uma filmagem de todas as nossas malas já na sala e nós prontos para ir à festa. Descemos e entramos na van do Fred. Pedimos para buscar nossos amigos do curso para ir conosco. Beatrice, Max, Mariah, John... Afinal, último dia em Londres e tínhamos que nos despedir. Tentamos chamar os amigos de Brighton, mas não deu certo. Não teriam onde ficar depois da festa, já que vamos embora à madrugada.

- Caramba Fred! Esse lugar é demais! Com certeza, a melhor festa que já fui – disse.
- Até agora! Não se precipita... Tem muito que viver e curtir ainda – Fred disse nos fazendo rir.
- Por que você e a Marcela não vão vir? – Carol perguntou.
- Bom... Eu não me sinto muito bem, falando sério – riu fraco – E a Marcela tem umas coisas para resolver antes de irmos.
- Não se sente bem? Vergonha? – Carol disse e nós rimos – Desencana Fred, vamos entrar!
- Curte aí galera. Relaxa... Eu ainda tenho que arrumar minhas coisas e conversar com uma pessoa que chegou de viagem – riu – Ahm... Duas e meia venho pegar vocês e vamos direto para o aeroporto. Não bebam, por favor. É melhor para vocês, afinal vão viajar. Só um conselho.
- Hum... Namorada gringa? – Carol se intrometeu.
- Já foi minha namorada sim – sorriu – Ela estava no Canadá por dois anos e hoje voltou, estou indo vê-la, aproveitar que estou livre. Vou indo galera...
- Não passa do horário viu danadinho! – Carol disse, ou melhor, gritou. Fred já estava entrando no carro, mas deu risada.

Assim que entramos, pegamos logo uma mesinha e fomos dançar. Nenhuns de nós irão beber e não nos importávamos. Fui até o bar pedir um refrigerante. O engraçado e curioso é que os garçons e barman eram todos mascarados. Não dava pra saber quem estava te atendendo.

- Hoje é algum tipo de festa mascarada? – sorri – Se soubesse, também trazia a minha... – rimos. O riso dele foi meio fraco. Deve ser tímido – Ahm... Mas pelo visto só os garçons. Deve ser típico... É que sou do Brasil. Intercambista – sorri e ele fez o mesmo. Mas não queria papo comigo – Ok... Vê um refrigerante, por favor.
- Não vai beber? – ele disse com uma voz rouca. Eu reconheci. Não é possível!
- Você... Ahm... Vou beber um refrigerante – ri fraco – Vou embora amanhã, não posso pegar pesado – falei desconsertada.
- Aqui está – colocou o copo levemente em minhas mãos, Me arrepiei por dentro.
- O... Obrigada.

Queria poder perguntar mais coisas, mas vai que não era ele? Saí desnorteada do balcão. Não é possível que ele estivesse aqui. Talvez eu esteja pensando demais e acabei ficando louca. Voltei para a mesa atônita e falei com a Camila e o Gustavo sobre o garçom.

- Em todos os lugares você vê esse cara! Desencana – Gustavo disse rindo.
- É sério! Eu juro que era ele! Quer dizer... É! Chama lá!
- Como vou saber? Todos estão iguais. Mas já que insiste, se for ele mesmo, com certeza virá aqui.

O Gustavo chamou e o garçom que veio não era o meu. Quer dizer, meu não, mas não era o que eu queria.

- Louca! – Camila e Gustavo riram.
- Não estou louca... Eu conversei com ele e tenho a certeza disso!
- Deve ter comido algo que te fez mal em casa. Só pode.

O Thiago chegou todo feliz me chamado para dançar. Eu acho que endoidei mesmo, só pode. Aceitei o pedido da dança e fui curtir. Já ia dar uma da manhã e o Fred ligou avisando que só faltava uma hora para irmos embora. Mas antes de ir eu tinha que descobrir quem era o garçom. Fui pegar uma água e aproveitar para conversar com ele mais uma vez.

- Uma água, por favor – pedi.
- Gás ou sem? – droga! Não era o meu garçom.
- Sem... Ahm... Eu vim aqui mais cedo e falei com um garçom... Queria vê-lo de novo.
- Sabe o nome? Posso procurá-lo.

Eu sabia, mas não queria dizer. Preciso ter certeza.

- Não... – fiz bico. Ele riu – Bom... Obrigada mesmo assim.
- Por nada. Eu também nem sei dizer, por que eu entro no segundo horário e alguns garçons já foram embora.
- Talvez ele já tenha ido mesmo...
Não consegui descobrir se era ele mesmo. Quem sabe uma ligação? Mas era muito tarde...

- Estava conversando com o seu garçom? – Camila disse rindo. Thiago me olhou confuso.
- Garçom? – Thiago perguntou.
- É... Achei ter conhecido um dos garçons, mas ele foi embora.

Fred ligou avisando que estava a nossa espera. Entramos no carro, mas ainda estava sem entender. A festa foi muito legal, porém estranha.

- Só vamos pegar as malas lá em cima e vocês irão checar se não deixaram nada aí. É tudo rápido, ok? Depois, vamos buscar a Marcela no escritório.

Tudo estava pronto, então corri e postei no meu Facebook.

“É triste dizer, mas estou dando adeus à Inglaterra. Foi uma incrível experiência que tive, passei por bons e maus momentos... Fiz teatro, fotografia, fui a shows, dancei, cantei e fiz de tudo um pouco. A vida aqui foi perfeita e tudo o que fiz vai deixar muita saudade! Até os amigos que fiz foram muito especiais e vou continuar mantendo contato. Mariah, John, Alice, Natasha, Beatrice, Max, todos foram especiais demais! É isso, estou dando meu adeus e vou para o aeroporto seguir viagem.
De volta para o Brasil. Pra falar a verdade, sinto muita falta...
Beijos, beijos.
Malu :*” 

Entramos no carro e fomos direto ao aeroporto. A viagem ia ser longa...
Enquanto esperava o nosso avião chegar, fiquei pelo celular respondendo mensagens e comentários dos amigos que estavam a minha espera no Brasil. Até o Cadu comentou! Aquele do Canadá. Comecei a pensar nele, e lembrei quando me disse que ás vezes fazia bico de garçom mascarado nas festas. Mas tenho a certeza de que não era ele. Aquela voz é de outro garoto. Não é possível que isso seja verdade. E se for, começarei a ligar os pontos.

Três da manhã e ainda estávamos esperando o avião. Recebi uma mensagem do Lucas.

“Você vem amanhã, não é? Estou a sua espera. Precisamos conversar...
Lucas.” 
Precisamos mesmo.
“Sim. Pode deixar, eu vou passar no Green para entregar os presentes e matar a saudade. Depois a gente pode conversar. Ainda estou no aeroporto esperando o avião. Como foi os seus seis meses no Brasil?”
“Na verdade, eu não estou em casa. Mas vamos nos ver amanhã sem falta. Meus seis meses no Brasil foram péssimos, não consigo ficar um segundo sem você. Mas a gente conversa no Brasil. Cometi uma loucura rs.
Lucas.”
“E onde está mocinho? Isso é hora de dormir fora de casa? Hahaha. QUE LOUCURA VOCÊ COMETEU?” 
Comecei a ficar preocupada. Será que é a loucura que estou pensando? Está chegando a hora de ligar os pontos.
“A gente conversa quando você voltar. Eu vou dormir. Nos vemos amanhã sem falta. Eu te amo.
Lucas.” 

Será mesmo que ele ia dormir? Preciso pensar e começar a ligar os pontos. Se for mesmo o Lucas que era o garçom mascarado da festa... Ele cometeu mesmo uma loucura.

Subi no avião e sentei perto da janela. Minha poltrona é ao lado do Thiago. Tirei aquela foto clássica ao lado dele e me recostei em seu ombro para dormir. Depois de fazer cafuné no meu cabelo, Thiago pegou no sono.
Acordei, e ao olhar no relógio eram nove horas da manhã. Comecei a ouvir as minhas músicas, e adormeci novamente. O sono foi tanto, que dessa vez eu só acordei no Brasil. Na verdade, em São Paulo. Nem quis dormir novamente, fiquei olhando a paisagem brasileira pela janela. Parece que seis meses foram seis anos, que saudade do Brasil!
O avião pousou no aeroporto da cidade e meu coração pulou de felicidade! Finalmente minha vovó nos meus braços, meus amigos, o Luc... Bom, esquece. Finalmente o Brasil e o verão!

- Meninos, quanta mala! Mais do que vocês levaram! Eu fiz um jantar especial. Coloquem suas coisas lá em cima e desçam... A comida vai estar na mesa em dois minutos. Thiago pode colocar suas coisas no quarto da Malu – vovó disse com um sorriso largo. A casa continuava a mesma coisa. Nem os móveis estavam fora do lugar. Ela foi até a cozinha trouxe todos os pratos e a comida com a ajuda da Dona Dalva, enquanto estávamos sentados a sua espera. Os pais do Thiago estavam conosco – Me contem as novidades.
- Vovó! Mando mensagens de voz para a senhora toda a noite!
- Ontem você não me mandou, querida... – rimos.
- Ontem foi corrido.
- Aprontou muito como no Canadá? – ela disse nos fazendo rir.
- Até que não muito, Dona Tereza – Thiago disse e eu dei um tapa de leve em seu braço.

O Thiago foi embora com a sua avó, que enfim se despediu da minha casa e foi para a sua. Tomei um banho e fui ajeitar algumas coisas na mala e mostrar os presentes para a vovó. Estava sem sono por ter dormido muito na viagem.

- Vovó... Posso lhe fazer uma pergunta? – fui até a sala. Ela estava assistindo a um filme.
- Por que não vai dormir meu anjo? – deu um beijo em minha testa. Sorri.
- Eu dormi tanto no avião, e também estou com algo que não sai da minha cabeça.
- O que houve?
- O Lucas.
- O que esse menino aprontou?! – vovó perguntou com preocupação.
- Calma vovó! – ri – Só estou pensando nele, por que tinha um garçom lá que a voz era muito parecida com a dele e... Bom... Estou confusa ainda. Sabe que gosto muito do Lucas.
- Esse Lucas... Eu disse que... Hm... Esquece – riu fraco – Vocês precisam mesmo conversar. Eu vou dormir – vovó levantou, mas eu a chamei novamente.
- O que você disse?
- Esquece meu anjo. Melhor você dormir também.
- Estou confusa. A senhora fala isso dele, a Marcela que nem o conhece pergunta sobre ele. Sei lá! Tantas coisas!
- A Marcela perguntou por ele? Ai ai... – vovó riu fraco.
- Estranho... Não é?!
- Amanhã você resolve isso. Boa noite.

Aproveitei que a vovó foi para o quarto e mandei uma mensagem pro Lucas. Essa história está muito confusa. Na verdade, desvendei a maior parte dela, mas preciso desenrolar melhor e só o Lucas para me ajudar.

“Sinto que você tem muito pra me contar.”
“Amanhã... Prometo. Chego e a gente conversa.
Lucas.”
“Tudo bem, é amanhã. Mas... Onde está?!”
“Viajando. Cheguei cansado demais e agora vou dormir. Amanhã pela tarde a gente conversa. Tenho muito pra lhe contar mesmo. Acho que você já sabe, não é?
Lucas.”
“Se me disser o que é... Posso responder.”
“A gente conversa amanhã ;)
Lucas.”
Acordei bem cedo, arrumei minhas coisas e fui direto para o Green. Precisava ver meus amigos. E o Lucas. Bom, ele está incluído nas minhas amizades também, mas é algo diferente. E complicado.

- Não aguentava mais de saudade! – Isabela me abraçou.
- Estávamos quase indo te ver – Gabriel me abraçou juntamente com a Is*a.
- E por que não foram?! Eu ia amar! – rimos.
- Teve um que... Ai! Gabriel, seu idiota! – Isabela gritou os dois se entreolharam.
- Sei que mandou milhões de mensagens e não nos esqueceu. Mas e os últimos dias? – Gabriel desconversou. Não queria perguntar sobre, então deixei pra lá.
- Foram bons também. A mesma coisa... Festas, ficar em casa, sair...
- Teve festão de despedida? Vi que fizeram amigos... – Isabela perguntou.
- Fizemos sim. Chega bate aquela saudade deles – sorri.
- E o André? – Isabela riu.
- Vamos marcar de se ver. Quem sabe um dia...
- Nem me chamam para a conversa... – Lucas chegou rindo. Is*a e Gabe riram também. Eu fiquei o olhando, tentando lembrar a voz do garçom da festa em Londres.
- Isabela, vamos sair. Já batemos muito papo com a MariaLuisa – Gabriel disse.
- Amiga... Lembra que eu disse da viagem para a França?
- Sim! – sorri – Me conte tudo!
- Depois – Isabela sorriu – Passa lá em casa tá? – me deu um beijo no rosto e saiu com o Gabriel.

Fiquei sozinha com o Lucas. Que me olhava muito, o que me deixava seriamente sem graça.

- O que foi? – sorri sem graça.
- Nada... Nem sei como começar a conversar contigo.
- Começa do começo. É o mais fácil – rimos.
- Fato. Mas não sei como desenrolar a conversa.
- Olha só Lucas, você é o único que pode desenrolar então fala logo. Eu já sei.
- Então me diz... Assim tomo mais coragem.
- Não sabia que você era tão cagão a esse ponto. Coragem para fazer você teve...
- Ui! Essa doeu e foi tão profunda... – Lucas colocou a mão no peito, como se tivesse dado um murro nele. Rimos.
- Ta... Não estou de brincadeira. Diz logo...
- Os seis meses foram tristes sem você. Eu sei, estávamos separados, ainda estamos – riu fraco -, mas você sabe... A gente se gosta muito. Sei que sou um cafajeste, todo mundo sabe, todo mundo julga, mas eu não me importo. Mesmo separados, a sua amizade, seu carinho, seu amor, você, é muito importante pra mim. Nos conhecemos desde criança, crescemos juntos por isso você fez muita falta. Um ano no Canadá passou tão mais rápido, acredita? – rimos – E foi diferente, não entendo o motivo.
- Lucas. Esse papo eu sei de cor e salteado. Por que não vai logo para a parte em que você enlouquece e viaja até Londres?! – disse seriamente. Lucas ficou um tempo em silêncio e abaixou a cabeça – Desculpa. Não aguentava mais segurar isso.
- Tudo bem. Eu entendo – disse ainda com a cabeça baixa – Você não quer mais que eu continue?
- Claro! Desculpa a minha ignorância – falei sem graça, ele sorriu e colocou sua mão sob a minha.
- Já disse que entendo. Dou maior apoio em me julgar. Não sei o que deu em mim, mas eu fiz e já está feito. Não me arrependo, mas se tivesse pensado melhor, isso não aconteceria.
- Continua contando. Mas agora, começa em como você resolveu fazer essa loucu... Quer dizer, como você decidiu ir até lá.
- Eu ia chegar lá... Estava tudo esquematizado. Fiz um textinho – rimos – Enfim... Não aguentava mais sentir a sua falta, lhe mandava mensagens, você ignorava, quando respondia era para que eu não mandasse, enfim, estava ficando muito mal. Pergunta a minha mãe, quase entro num estado deplorável de depressão! Minha cabeça não funcionava bem, só pensava em você e voltei a pensar em todas as merdas e idiotices que fiz contigo. Se não fosse por isso, estaríamos juntos, firmes e fortes. Não é?
- Acho que sim... A gente não tem como saber. Não sabemos como vai ser o rumo da nossa história. Ninguém sabe. Mas, se o nosso amor prevalece de verdade, estaríamos juntos – sorri – Esse não parece ser o Lucas que conheci.
- Talvez não me conhecesse tão bem. Ahm... E você não conheceria o idiota do Thiago.
- Ei! Para Lucas! Não coloca o Thiago no meio da história, não acaba com todo o clima amigável. A conversa está sendo ótima. Não me faça brigar contigo.
- Desculpa. É que ele quem atrapalhou.
- Sério? Você tem a total certeza?!
- Tudo bem, eu terminei contigo, mas quando estava pensando em voltar e pedir desculpas você me aparece com esse otário! Já estava rolando um clima entre vocês! Bom, não quero voltar ao passado. Não é esse o rumo da conversa. Isso não estava no meu script – rimos – Minha mãe não aguentava mais me ver assim. Viajamos, fizemos vários programas em família, ia para festas, fazia besteiras, mas ainda assim, era só você em mente. Só você. Minha mãe perguntou se eu não queria ir até lá lhe ver. Você sabe, ela faz tudo por mim. Ela e meu pai – rimos. Eu concordei – Quando me disse isso, eu fiquei encucado com essa ideia e aceitei. Fui até a sua avó e pedi mais informações sobre o local onde você estava. Ela não quis me dar, disse que eu estava louco ao fazer isso que você estava voltando em poucas semanas. Disse a ela que tudo bem e agradeci. Mas não tinha desistido então cavei mais fundo e procurei a Marcela. Sabia o nome da empresa onde ela trabalha, pois a Isabela me contou. Eu lembro que você me disse, mas ela me recordou. Pesquisei na internet e achei o nome dela. Liguei e batemos um longo e bom papo. Ela me disse que você falava muito de mim – sorriu e eu fiz o mesmo. Só que sem graça -, e por isso resolveu me ajudar. Me disse todo o endereço e passei uma semana ajeitando tudo. A partir daí, cheguei a Londres e procurei-a. Ela me ajudou, e conversou comigo.
- Espera... – o interrompi – Então é isso... Por isso que ela começou a perguntar sobre você pra mim... E deu aquelas desculpinhas... Os nós estão desatando... – Lucas riu alto – E a Marcela é traidora! – Lucas continuou rindo. Resolvi rir junto – Bom... Continua – ri.
- Ela me disse, juntamente com tal de Fred, o guia, onde seria a festa de despedida. Me infiltrou lá como garçom. Disse que lá todos eram mascarados, o que foi ótimo. Depois de uma conversa com ela, resolvi não te procurar. Queria mesmo te ver. Assim ficava mais tranquilo e feliz. Aproveitei que a festa era mascarada para falar contigo, não quis puxar muito assunto senão você me reconheceria de vez e o meu plano ia para o vinagre. É isso MariaLuisa. A festa acabou uma hora pra mim e eu fui embora. Quer dizer, para o hotel. Ela me deixou ficar com eles, num quartinho – rimos – No outro dia eu dei um passeio em alguns lugares, fiz compras e fui embora. Sabia que ainda estou cansado? – riu – Agora você pode tirar as suas dúvidas sobre o assunto – sorriu.
- Agora todo o nó desatou – ri aliviada – Eu fiquei que nem uma louca falando que te reconhecia e quando voltei lá não era mais você e... Poxa! – ri – Fiquei confusa. Depois fui desenrolando algumas coisas que aconteceram ao longo dos dias e enfim, tudo desenrolou. Você é um louco mesmo, Lucas.
- Louco por você MariaLuisa.

Eu ia falar alguma coisa, mas ele me beijou. Dessa vez não foi um beijo doce, foi um beijo quente, gostoso. O clima estava bem quente mesmo, eu não queria sair daqueles braços, aqueles beijos, mas eu precisava. Lembrei que não estávamos na casa dele e sim na área da piscina, parei com a gracinha e... Eu tenho namorado!

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