Capítulo 14

Gustavo... Eu quero muito sua ajuda. – estávamos sentados no sofá vendo um filme com a vovó, depois de um almoço super gostoso. 
- Sobre o Lucas? – vovó perguntou. 
- Ahm... Não. Um trabalho do colégio. – menti. 
Malu, não precisa mentir. Eu sei que você ficou mexida com o Lucas. Entendo o seu término com o Thiago. A distância realmente atrapalha muito. E não precisa me esconder as coisas. 
- Desculpa vovó. É realmente sobre o Lucas. Quero que ele venha aqui por que... Ahm... Quero conversar sobre como ficamos. Quer dizer, somos amigos, mas eu queria muito que a gente ficasse. Só ficar. Sinto falta – ri sem graça. 
- Tudo bem, priminha. O que quer que eu faça? – Gustavo perguntou. 
- Liga para ele e pede para vim aqui. Diz que tem um jogo muito legal aqui... Sei lá! Você sabe o que fazer. E coloca no viva voz! 

- Alô? – Lucas disse com uma voz rouca.
- Lucas? Oi... È o Gustavo, primo da Malu. Peguei o seu número aqui no celular dela – riu fraco -. Ahm... Estou ligando pelo meu celular. Você deve saber que eu vim passar um tempo aqui, certo? Queria sua ajuda. – o Gustavo ia falar mais, mas pedi que ele deixasse o Lucas falar também.
- Ah! Oi, Gustavo! Sei disso sim. Você vai dar alguma festa e quer ajuda para convidados? – riu.
- Não! Até que a festa não seria uma má idéia. Mas não é isso. Comprei um novo jogo para o meu game. Quer dizer, o game da Malu. Não trouxe o meu, pois ela tem um aqui – riram – enfim... Me disseram que você manja nesse jogo e eu preciso de ajuda para passar nele – riu. Que idiota. Se soubesse que essa seria a idéia dele para me ajudar, faria sozinha.
- Quem te disse? Ah... – riu – Já sei. Enfim, eu não estou fazendo nada por agora, então posso passar aí? A Malu está?
- A Malu está sim. Tem medo dela? Vem logo, cara! – desligou.


- Se arruma, ele não deve demorar. 
- Não é necessário. Estou bem assim e só quero mesmo conversar com ele. 
- Pelo visto vou sobrar por aqui. Estou indo ficar com a Dalva. 
- E eu? Vou segurar vela? – Gustavo disse – Ah... Vou dar uma volta pelo bairro. 
Gustavo! O Lucas vai chegar pra jogar contigo! Você não pode sair! 
- Não vamos jogar de verdade, Malu! Foi só um pretexto! 
- Ah! – gritei – Não sei mais o que fazer! Fica por favor! – o Gustavo levantou para pegar um prato com salgadinhos e refrigerante, e a campainha toca. Era o Lucas. 

- Oi... – sorri sem graça. 
- E ai, Malu! – sorriu. 
- Ahm... Entra! Eu sempre te deixando na porta – sorri sem graça e o Lucas entrou, cumprimentando o Gustavo. 
- E ai, Lucas! O jogo é esse aqui – mostrou – tem uma fase que eu realmente não consigo passar. Mas, certa pessoa me disse que você é fera nesse jogo – sorriu e olhou para mim. 
- Ah! Essa pessoa acertou em cheio! – sorriu – me amarro nesse jogo e já passei de todas as fases! Mas ainda assim jogo de vez em quando – riu – então... Vamos jogar? Hoje eu tenho uma festa para ir, mais tarde. 
- Já liguei o jogo, é só ligar a televisão. Eu vou tomar um banho rápido. 
Gustavo, quer ir à festa comigo hoje? Vai ser foda! – sorriu. 
- Valeu Lucas! Estou precisando de uma festa! – sorriu – vou tomar um banho rápido. 

Lucas, a gente pode conversar? 
- Eu pensei que tinha dito que já conversamos tudo – Lucas disse prestando atenção no jogo. 
- Esquece o que eu disse. Esquece tudo. Pode prestar atenção em mim? – pedi. 
- Tudo bem – riu. 
- Eu percebi que você mudou desde o dia em que me ligou para lhe chamar a sua festa. Ainda pensei que pudesse ser alguma armação sua. Talvez eu pensasse que tinha mudado, e ao chegar à sua festa veria você com a Carol ou a Mariana... Veria vocês se pegando, ou fizesse algo que eu pudesse ser humilhada na frente de todos. Mas não. Você nem convidou a Carol! 
- Eu convidei, mas ela teve que viajar no fim de semana para a casa da avó. 
- Certo. Deixa-me continuar... Mas não foi isso o que vi. Você estava sendo sincero comigo e eu percebi quando fui lhe dar os parabéns. Pensei ser atuação – ri – mas enfim, percebi pela sua sinceridade e pelo pedido louco no palco – ri sem graça – que você estava mesmo querendo mudar comigo. Conversei com o Thiago, e a gente terminou. Não, isso não é uma chance para nós voltarmos, só uma chance para recomeçar contigo. 
- Recomeçar? – Lucas perguntou. 
- Sim. Tipo... Começarmos a ser amigos, a... 
- A ficar, a namorar... – sorriu – eu topo. Nós já somos amigos, então só falta ficarmos. – Lucas chegou mais perto de mim e me beijou. Eu queria muito parar o beijo, mas não deu. Estava com saudades desse beijo. Eu disse que o beijo do Thiago era o melhor. Realmente, ele é, mas senti falta do beijo do Lucas. Ficamos nos beijando sem parar. Quer dizer, paramos por que o Gustavo atrapalhou. Sempre. 

- Estou pronto. 
- Acho que se esqueceu de passar o desodorante cara, volta lá. – Lucas disse me fazendo rir alto. 
- Eu passei desodorante, otário! – riu – já conversou demais com a Malu pelo que vi. Então, se acertaram. Passou da minha fase no jogo? 
- Que jogo? – riu. 
- Entendi. Pelo visto não. Mas, depois você volta aqui e termina o que não começou. 
Gustavo, esqueceu do “Não vamos jogar de verdade, Malu! Foi só um pretexto!”? – o imitei. 
- Pretexto? – Lucas perguntou rindo. 
- Sim. Pedi pra ele te ligar, pois queria conversar contigo. Mas esquece. – Lucas riu e olhou o relógio. 
- Tenho que ir. Preciso me arrumar logo, por que a festa fica em uma chácara, uma hora daqui. Ahm... Malu quer ir? 
- Pra ficar lá vendo vocês pegando todas? Não, obrigada. 
- Vou ficar só com você – sorriu -. E o seu primo, deixa ele se divertir. 
- Tudo bem. Eu vou, por que se a vovó chegar e ver que o Gustavo me deixou sozinha, ela vai pirar! Inclusive, eu como uma boa neta, vou ligar aviando – sorri. 
- Eu ligo! Afinal, eu tomo conta da casa quando ela não está. Sou o mais velho. 
- Se faz questão... – rimos – Vou me arrumar. 
- Não demora gatinha – Lucas disse. Era assim que me chamava quando namorávamos. Sorri por dentro. 
- Você não deve conhecer a Maria Luísa, por que ela demora até para ir ao colégio. – riram. 

Fui me trocar e eles ficaram lá em baixo só fofocando sobre mim, provavelmente. Tomei um banho e peguei a melhor roupa que eu tinha. Claro, uma que o Lucas nunca me viu usar. Estava como uma deusa. 
Óbvio que os olhares dos dois pra mim foram de cima a baixo. Amo quando me olham assim. Não querendo me gabar, claro. 

- Demorei? – sorri e pus a mão na cintura. 
- Não importa. Está muito gos... Linda. – sorriu. 
- Está de parabéns. Vamos logo. – Gustavo disse pegando as chaves da casa. 

Fomos com o carro do Lucas. Quer dizer, do pai. Ele na frente com o Gustavo e eu atrás. Ficamos escutando um som no Ipod do Lucas, e passou a música que uma vez o Lucas disse que era pra mim. All About You – Bruno Mars. Ele amava essa música. 

- Sua música, gatinha – Lucas disse. 
- Vocês eram assim tão românticos quando namoravam? 
- Estamos recomeçando, Gustavo! – disse. 
- Vocês eram assim tão românticos quando namoravam? – Gustavo perguntou novamente. 
- Sim, porra! – Lucas gritou e rimos alto. 
- Mudando o foco... A Mariana vai? – perguntei. 
- Sim. Ela não perde uma. Ah! Sem brigas! Chegamos. Ela está logo ali na porta, viu? Pegando o Érico. 
- Essa garota não tem jeito. Deve ser o décimo. 

Descemos do carro. Os amigos do Lucas que não me conheciam, provavelmente não eram amigos, e sim conhecidos de farra enquanto não estávamos juntos, perguntaram se eu estava solteira. 

- Ela está comigo. Tirem o olho da minha mina! 
- Sua mina? Você com namorada? – um amigo perguntou rindo alto. 
- Ela é minha ex. Minha amiga. E estamos recomeçando. Portanto, minha mina. 
- Ei! – Mariana chegou, dando um beijo no canto da boca do Lucas. 
- Sua mina não vai falar nada? – outro amigo disse, rindo. 
- Mariana, por favor! Eu já te disse que não estamos mais ficando. – Lucas disse, puxando o Gustavo e eu para dentro da Chácara. 

Gustavo achou a Mariana muito gata e queria ficar com ela. Mas eu não deixei, e o Lucas disse que ela beija mal. Ele desistiu. 

- Ela beija mal mesmo ou é invenção? – perguntei. 
- Ela beija mal, mas em compensação na ca... – Lucas ia falar algo a mais, mas lembrou-se que eu estava por perto e não continuou. 
- Eu sei o que ia dizer Lucas. 
- Finge que não ouviu, então. – riu. 
Já vi muitas gatinhas. A Mariana não me fará falta! Vou curtir! – Gustavo disse e rimos –. Fica de olho no celular, Malu. Vou te ligar pra saber como você está. 

Novamente eu a sós com o Lucas. Ia ficar com ele. 
Estava esperando por isso, mas em segredo. Ele quer, eu também. Vou acreditar que ele mudou mesmo. Quero muito que a Mariana presencie esse momento. 

-Vamos subir? Aqui tem muita gente chata... – Lucas disse acariciando meu cabelo. 
- Quero ficar aqui. 
- Tudo bem – sorriu. 
Lucas... Eu queria dizer uma coisa pra você... 
- Não precisa dizer mais nada. Vamos continuar o que o Gustavo atrapalhou lá em sua casa. 

Sorri e ele me puxou pela cintura para um beijo. Ficamos ali até alguém chegar. Mas foi o alguém que eu queria. 

Lucas! – Mariana chegou gritando. – preciso falar contigo. 
- Depois ele vai, está ocupado. – disse. 
- Ocupado? – riu – me poupe Malu. Vem logo, Lucas! É sobre aquilo que você queria. Eu achei! É o momento perfeito! 
- Vou ver o que essa louca quer. Já volto – selinho. 

Esperei um pouco para ver até onde eles iam e segui-los. Sabem que eu sou curiosa. 
Eles foram para o andar de cima como tinha previsto. Mas lá haviam várias portas e todas fechadas. Complicou para mim. Peguei um copo que estava em cima de um banquinho e escutei de uma em uma para saber em qual estavam e sim, na última porta. Pude ouvir tudinho. Amo copos. 

- Lembra daquele plano? A chácara é o plano perfeito! Os meninos estão loucos para ficar com a Malu. Então peguei o Érico e ele aceitou dar em cima da Malu. Ainda tem essa bebidinha para deixá-la louca! – riu. 
- Não é mais necessário. Ela terminou com o Thiago. 
- Melhor ainda! Menos confusão! Você já pode pegar ela e depois jogá-la fora novamente e ficar comigo. 
- Você é louca. Não quero mais brincar disso. Amo a Malu. 
- Não ama. 
- Não enche Mariana. Não estou mais pra brincadeira. 
- Cadê que a Malu dá o que você quer? Cadê?! – Mariana gritou. 
- Não preciso mais de você pra transar comigo ou de qualquer outra garota. A Malu está no papo pra mim agora. Você é gostosa e boa de cama, mas enjoei de você. A Malu com certeza é bem melhor. Tchau. 

Saí de perto da porta, pois ali ele poderia abrir e me ver. Desci a escada abismada e voltei para o mesmo local onde estava. Se ele acha que eu estou no papo está enganado. 
Queria muito chorar, mas consegui engolir. 

- Demorei? A Mariana é louca – riu. 
- E ai, a Mariana entregou o que você queria? 
- Não entendi – riu. 
- Ela não disse que tinha achado o que... Esquece! Eu... Estou muito cansada e preciso mesmo ir. 
- Já? Mal começou a festa. Vamos lá em cima ficar a sós um pouco. Acho que aqui com muita gente e muito som a gente não consegue ficar. 
- Melhor não. Foi legal até aqui. 
- A gente nem aproveitou Malu, qual foi! 
- Pois é. Eu pensei que você tinha mudado mesmo. Mas é tudo uma atuação sua. Você me quer novamente só para transar comigo, não é?! Não estou na sua não, se é o que está pensando. Eu só queria recomeçar. Pensei que você também. Se quiser uma garota para ir pra cama com você, tem a Mariana. Ela dá o que você quer, é gostosa e boa de cama. Você não disse? – estava prestes a chorar, então saí dali e procurei o Gustavo pelo local. Meu celular estava sem sinal. 
- Não entendo você. – Lucas disse. 
- Me deixa em paz! Vou procurar o Gustavo. E se estou assim, é por um motivo e você sabe qual. Não se faça de idiota. Curte sua festa, por que tem muita menina te procurando. E você está solteiro. 
- Para, por favor! Eu pensei que estivesse acreditado em mim. – Lucas olhou em meus olhos. 
- E eu acreditei. Pena que foi por pouco tempo. Que merda de celular! Que merda de lugar sem sinal! – gritei. 
- O Gustavo está ali no bar, conversando com uma garota. Vai atrapalhar? 
- Eu sou mais importante do que a garota. 

Quando cheguei ao bar o Gustavo não estava conversando com a garota. Estava agarrando-a. Fiz minha encenação e atrapalhei tudo. 

Gustavo... – fiz lágrimas saírem em meus olhos. Na verdade elas já quiseram sair, então foi um propósito. 
- Que cara é essa?! – Gustavo perguntou preocupado, soltando a menina dos braços. 
- Podemos ir? 
- É sua namorada?! – menina perguntou furiosa. 
- Sou prima dele. Gustavo... Não estou bem. 
- Bom... – Gustavo disse olhando para a garota e para mim. 
- Entendi. Pego um táxi sozinha – saí, mas ele veio atrás. Sem a garota. E o Lucas junto. 
- O que houve, cara?! Vou com você! Já me despedi da Caroline. – Gustavo disse preocupado. 
- Caroline?! Olha o nome da garota... Lamentável! Vocês são uns merdas! – gritei. 
- Aconteceu alguma coisa, Lucas? – Gustavo perguntou. 
- Estou querendo saber também. Do nada, ela deu um revertério. 
- Do nada?! Me poupa do seu cinismo, Lucas! Me poupa! 
Lucas, você vai ficar? Vou pegar um táxi com ela... 
- Eu levo vocês – Lucas disse. 
- Vai largar essa festa, cara? Isso aqui ta demais! – Gustavo disse. 
- Sem problemas. 
- Você ainda volta? Está perigoso e a noite... – Gustavo disse preocupado com o Lucas. 
- Não precisa nos levar. Tem um táxi logo ali – disse. 
- Sabe quanto ficará daqui pra onde você mora? – Lucas perguntou – é caro, e eu não vejo problema em levar. Não quero mais ficar aqui. 

Ele nos levou até em casa e quando desci do carro nem falei com ele, que também nem quis falar comigo. Foi melhor assim, pois eu não responderia.
Contei tudo ao Gustavo, que como sempre me achou errada. Homens. Deixei quieto e fui dormir. 
Acordei com uma mensagem do Lucas e outra do Thiago. Saudades dele. 

“Ei! Quando você vai me dizer o que aconteceu ontem?
Lucas.”


“Saudades, pequena. Você nem me liga. Última vez que me ligou foi pra terminar comigo. E eu tenho uma novidade: Vou passar as férias ai! Beijo, eu te amo demais.
Thiago.”

Respondi a mensagem do Thiago, super feliz por saber que ele vem nas férias. Que por sinal, está chegando! 

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